Desigualdade escancarada: Estudo revela altos índices de desemprego entre os jovens brasileiros

27/05/2023 as 6:14 pm

Um diagnóstico realizado pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, trouxe informações inéditas sobre a situação da empregabilidade dos jovens no Brasil. De acordo com o estudo, dos 207 milhões de habitantes do país, 17% são jovens entre 14 e 24 anos, dos quais 5,2 milhões estão desempregados, correspondendo a 55% do total de pessoas nessa situação.

Os dados revelam que, entre os jovens desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Além disso, há 7,1 milhões de jovens que nem trabalham nem estudam, conhecidos como “nem-nem”. Desse grupo, 60% são mulheres, muitas delas com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos.

A pesquisa Empregabilidade Jovem Brasil, apresentada durante um encontro no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), em São Paulo, mostra que, no primeiro trimestre de 2023, 23% das jovens mulheres ocupadas e 37% dos jovens homens ocupados não concluíram o ensino médio. Além disso, 38% das jovens desocupadas e 46% dos jovens desocupados não possuem esse nível de escolaridade. Apenas 9% das jovens ocupadas e 5% dos jovens ocupados possuem ensino superior.

O estudo também destaca que, quando analisadas as ocupações dos jovens, 86% deles têm trabalhos pouco desafiadores, enquanto apenas 14% estão envolvidos em atividades técnicas, culturais ou de informática e comunicações. A informalidade também é um ponto comum, com 51% das mulheres e 56% dos pretos e pardos trabalhando nessa condição.

Entre as 15 ocupações mais frequentes entre os jovens, estão vendedores por telefone, vendedores, operários da construção, condutores de motocicletas, cuidadores de animais e ajudantes de cozinha. Por outro lado, 15 ocupações tiveram um aumento superior a 60% entre 2020 e 2022 e englobam jovens que atuam em atividades técnicas, culturais ou de informática e comunicações.

O levantamento também aponta que havia cerca de 500 mil aprendizes de 14 a 24 anos em 2022, sendo que 57% deles estavam na faixa etária de 14 a 17 anos completos e 42% tinham entre 18 e 24 anos. A maioria desses aprendizes (86%) atuava nas 15 ocupações mais frequentes. Já os estagiários somavam 642 mil, sendo 70% deles vinculados a órgãos do Executivo e Legislativo de estados e municípios.

Segundo Paula Montagner, Subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, é fundamental que os jovens completem o ensino médio, pois essa qualificação mínima possibilita acesso a melhores oportunidades de trabalho e cursos que oferecem conhecimentos e habilidades para um futuro promissor. Ela ressalta a importância da sociedade, professores, empregadores e dos próprios jovens compreenderem essa dinâmica e valorizarem a educação.

Humberto Casagrande, diretor executivo do CIEE, destaca que o levantamento evidencia as desigualdades existentes no Brasil, especialmente entre mulheres negras, adolescentes e jovens adultos, além do trabalho informal. Ele ressalta a necessidade de discutir caminhos para transformar essa realidade, como programas de aprendizagem, ensino técnico e outras iniciativas.

O diagnóstico apresentado traz dados importantes para a compreensão da situação dos jovens no mercado de trabalho brasileiro e a necessidade de investimentos em educação e políticas públicas que promovam a inclusão e a qualificação desses jovens, visando um futuro mais promissor para toda a sociedade.

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