Mulher retira 2 galões de água das pernas em cirurgias contra lipedema

11/06/2023 as 8:26 am

Desde a adolescência, a norte-americana Alisa Vandercruyssen vinha enfrentando problemas de peso, sem entender exatamente o motivo. Foi somente quando ficou mais velha que descobriu que seu sobrepeso estava relacionado ao lipedema, uma doença crônica que causa o acúmulo anormal de gordura nos braços e pernas.

Atualmente, aos 28 anos, Alisa está passando por uma série de cirurgias para a remoção dos nódulos que se formam devido ao lipedema. Ela já realizou uma cirurgia e ainda precisa passar por outras cinco. Os nódulos são pequenas saliências que se formam sob a pele devido ao acúmulo de gordura característico da doença.

Alisa descreve como suas pernas se tornaram irregulares à medida que os nódulos se desenvolviam, comparando a sensação a tumores crescendo sob a pele. Ela conta que todas as áreas gordurosas do seu corpo apresentavam essa característica. A norte-americana sofria com dores constantes ao caminhar e ficava perplexa, já que mantinha uma rotina de exercícios físicos e uma dieta equilibrada, mas não conseguia emagrecer.

“Foi um grande alívio quando recebi o diagnóstico, mas, ao mesmo tempo, foi triste porque percebi que poderia ter aproveitado muito mais se não tivesse me preocupado tanto com a minha aparência”, disse Alisa ao site DailyMail.

O lipedema é uma doença mais comum em mulheres e tende a se manifestar durante a puberdade, gestação ou após a menopausa. Além do acúmulo doloroso de gordura e a formação de nódulos, os sintomas incluem dificuldade de mobilidade, o surgimento de hematomas mesmo sem um trauma aparente, hipersensibilidade ao toque, frouxidão ligamentar, flacidez de pele, desproporção entre pernas e tronco, celulite, sensação de peso nas pernas e cansaço. Um sinal típico do lipedema é o acúmulo de gordura na região do tornozelo, conhecido como “sinal do manguito”. Com o tempo, a doença pode levar a deformidades e problemas de mobilidade, mas nem sempre está associada ao excesso de peso.

Na primeira cirurgia, os médicos realizaram uma lipoaspiração, que é indicada apenas em casos avançados da doença. Pequenas incisões foram feitas na área afetada, seguidas da injeção de uma solução para afrouxar o tecido. Em seguida, as células de gordura foram extraídas por meio de cânulas finas. Alisa relata que aproximadamente 1,7 galões de água (quase dois galões) foram retirados apenas de suas coxas. Após a cirurgia, ela sente um grande alívio.

“Estou tentando me concentrar mais em como me sinto em vez de me preocupar com a minha aparência. Será bom conseguir encontrar roupas do meu tamanho nas lojas, mas o que importa mais é sentir mais energia e caminhar sem dor”, afirmou Alisa.

O tratamento do lipedema requer uma equipe multidisciplinar composta por angiologistas, cirurgiões vasculares, nutricionistas, fisioterapeutas e, em alguns casos, psicólogos. Também são realizados exames para detectar doenças endocrinológicas que possam causar sintomas semelhantes. Entre as possíveis formas de tratamento estão a drenagem linfática regular, exercícios na água e a compressão dos braços e pernas. Essas terapias ajudam a melhorar a circulação sanguínea e estimulam o metabolismo. A lipoaspiração é indicada apenas como última opção, quando o tratamento clínico não apresenta os resultados esperados ao longo do tempo.

Além do acompanhamento multidisciplinar, é recomendado evitar o consumo excessivo de alimentos como carne de porco e boi, embutidos, refrigerantes, bebidas alcoólicas e produtos industrializados, pois eles podem intensificar a inflamação causada pelo lipedema. Por outro lado, a prática regular de exercícios físicos é muito bem-vinda.

O lipedema é classificado em diferentes tipos, que variam de acordo com a região afetada e a gravidade da doença. A classificação funcional também considera a evolução da doença. No estágio 1, a pele apresenta uma aparência normal, mas há acúmulo de gordura no tecido subcutâneo e a presença de pequenos nódulos semelhantes a pérolas sob a pele. No estágio 2, a pele fica irregular e um pouco mais flácida do que o esperado para a idade, com aspecto de celulite. Os nódulos também são maiores. No estágio 3, a pele fica significativamente mais flácida, com a formação de dobras que podem dificultar a caminhada e os movimentos. No estágio 4, além de todas as alterações do estágio 3, há comprometimento do sistema linfático.

O lipedema é uma condição que afeta a qualidade de vida das pessoas que sofrem com ela. Alisa Vandercruyssen está passando por um processo de tratamento para aliviar os sintomas e melhorar sua mobilidade. Com a conscientização sobre o lipedema e o acesso a tratamentos adequados, espera-se que mais pessoas possam encontrar alívio e suporte para lidar com essa doença crônica.

Imagem: Divulgação Alisa Vandercruyssen/SWNS

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