Operação ‘Jogada Ensaiada’: Corrupção em hospital público leva à prisão de gestora

26/06/2023 as 9:58 pm

Três indivíduos foram detidos durante a operação ‘Jogada Ensaiada’, conduzida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), com o intuito de desvendar favorecimento a uma empresa fornecedora de serviços de agentes de portaria ao Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, localizado na zona centro-sul de Manaus. Querciane Alves, diretora financeira da unidade hospitalar, Henrique Barbosa, presidente do Atlético Amazonense, e Júlia Marquês, sua companheira, foram presos sob suspeita de corrupção dentro do hospital.

A ação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e resultou em quatro mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão cumpridos nesta segunda-feira (26). Segundo o MP, a investigação tem como foco o sobrepreço na contratação de agentes de portaria, o que teria causado um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões aos cofres públicos.

De acordo com o órgão, foram identificados repasses de recursos aos gestores da unidade hospitalar por meio de uma empresa de gestão esportiva. Surpreendentemente, o esquema só veio à tona graças às investigações sobre manipulação de resultados no futebol estadual em 2022.

“A investigação começou relacionada à manipulação de jogos, quando identificamos supostas transferências de recursos para um clube presidido por um dos investigados. A partir disso, o MP conduziu as investigações e observou que uma das empresas responsáveis por essas transferências possuía contrato com um hospital público da cidade. A investigação se aprofundou e conseguimos verificar a maneira como o contrato foi estabelecido e o prejuízo causado”, explica José Augusto Palheta Taveira, promotor de justiça.

Barbosa, dirigente do clube de futebol da segunda divisão local, já havia sido julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no ano passado, sendo suspenso por 840 dias e multado em R$ 50 mil, após um gol contra ter se tornado viral nacionalmente.

“O que nos chamou a atenção foi o direcionamento de recursos para uma empresa que possuía contratos com o hospital, ligada ao empresário. Posteriormente, avançamos nas investigações ao identificar a relação entre o empresário e esse agente público, o que nos permitiu entender como essa situação funcionava”, acrescenta Taveira.

Segundo o MPAM, a operação resulta de uma investigação conduzida pelo GAECO e pela 70ª Prodeppp, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso envolvendo fraude em licitação, corrupção e lavagem de dinheiro, com a participação de agentes públicos e empresários.

Foto: Divulgação/ Secom

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