Boi Caprichoso brilha na primeira noite do Festival de Parintins!

01/07/2023 as 8:33 am

Na madrugada do último sábado (1º), o Boi Caprichoso brilhou intensamente na abertura do 56º Festival Folclórico de Parintins, emocionando o público presente e celebrando a ancestralidade de suas raízes. Com uma apresentação que durou 2 horas, 25 minutos e 48 segundos, a agremiação azulada encantou a plateia com um espetáculo grandioso e bem-sincronizado.

A festa começou de forma majestosa, com o Levantador de Toadas, Patrick Araújo, e o Apresentador, Edmundo Oran, chegando dos céus, suspensos pelo imponente guindaste AC 500. Ambos foram trazidos até o chão da arena montados em um gigantesco boi, que simbolizava a união do povo dos bairros Palmares e Francesa. O corpo cênico presente no móbile desempenhou com maestria os papéis dessas comunidades.

Sob o tema “Ancestralidade: A semente das nossas lutas”, o espetáculo “O Brado do Povo Guerreiro” levou o público a uma viagem às origens do Boi Caprichoso, destacando sua formação na Escolhinha de Arte Irmão Miguel de Pascale, assim como a representatividade dos bairros azuis da ilha, como Francesas, Palmares, Cordovil, Aninga e do Esconde. Patrick Araújo deu início à apresentação com a marcante toada “Chegada do meu boi 2023/Pode Avisar”.

A lenda indígena “Ypuré, a senhora da Ganância”, assinada pelo talentoso artista Roberto Reis, impressionou o público com o espetáculo dos oito módulos alegóricos, ricos em detalhes e cores. Essa quimera do povo Maraguá, representando uma senhora bestial criada por Anhangá para punir aqueles que cobiçam e destroem, ganhou vida através da mobilidade proporcionada pelo guindaste. Além disso, a Cunhã-Poranga, Marciele Albuquerque, vestida com uma deslumbrante fantasia de penas, encantou a todos com sua evolução ao som da toada “Guerreiras da Luta”.

A evolução de Valentina Cid, a Sinhazinha da Fazenda, também foi um dos destaques da apresentação, chamando atenção pela leveza e sincronia na coreografia com a sombrinha e o próprio Boi Caprichoso. Durante a evolução, ela trocou seu vestido em tons de verde por um traje deslumbrante em azul royal. Na sequência, o Boi apresentou o item “Suraras do Beiradão”, representando as mulheres indígenas do alto rio Tapajós e sua luta, sendo acompanhado pela Porta-Estandarte Marcela Marialva, que desempenhou sua evolução com maestria ao som da toada “Estandarte da Nação”.

Neste ano, o antigo item “Tribos” passou a se chamar “Povos Indígenas”, e a criatividade e inovação das tribos coreógrafas do Boi Caprichoso continuaram a encantar. Com a participação especial do pajé Erick Beltrão, o corpo cênico interpretou a toada “Brasil, terra indígena”, mesclando fantasias em tons pasteis de verde, amarelo, roxo e azul, em apoio à visibilidade das questões indígenas.

Em uma performance à parte, as tribos coreógrafas do ritual “Yrerurá – A Festa do Guerreiro” mostraram sincronia e habilidades acrobáticas impressionantes, destacando-se em um momento de ápice da coreografia, onde um dançarino subiu em um cajado para simbolicamente “arrancar a cabeça do inimigo”.

Em outro momento significativo, as tuxauas foram trazidas ao chão dentro de uma maloca, desembarcando do guindaste. Alessandra Korap, da etnia Munduruku e ganhadora do Prêmio Nobel do Ambientalismo em 2023, discursou emocionando a todos ao defender a Amazônia, proclamando “Lute pela água da Amazônia. Salve a Amazônia. Não ao marco temporal. E a Amazônia em pé”.

Nos momentos finais do espetáculo, a toada de lenda indígena “Tapiraiauara – A Guardiã das águas” trouxe à tona a figura de uma fera que assombra os igapós, culminando com a evolução da rainha do folclore, Cleise Simas, ao som da toada “Deusa da Cultura Popular”. Vestida com um deslumbrante traje neon, Cleise foi ovacionada ao se apresentar para a cabine de jurados, localizada no lado azul da arena.

Em meio ao ritual “Yreruá – A Festa do Guerreiro”, uma torrencial chuva abençoou Parintins, marcando o momento mais esperado da temporada. O rito indígena acredita que o pajé precisa transcender por meio da inalação de paricá, buscando a cura do corpo. A monumental alegoria, assinada pelo talentoso artista Algles Ferreira, repleta de detalhes e cores, preencheu toda a arena.

O ápice da alegoria foi a gigantesca representação de uma aranha que, segundo o rito, guarda os segredos da vida e da morte. Ao fundo, a face de Bahíra, o Deus Parintintin, foi erguida pelo guindaste, enquanto o Pajé Erick Beltrão evoluiu sob forte chuva em direção aos três jurados. Com essa emocionante evolução, o Boi Caprichoso encerrou com maestria sua apresentação e o primeiro dia de festival, deixando o público ansioso pelas próximas noites de espetáculo.

Fotos: ALex Pazuello/Secom

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