Com o fato de que a Inteligência Artificial (IA) é uma realidade da qual não conseguiremos retroceder em nossas vidas, devemos refletir sobre as mudanças de comportamento que essa linguagem mais fria e precisa trará às nossas vidas. Penso que o principal passo a ser dado nesse sentido é a busca pelo conhecimento dessa ferramenta que, com o passar dos anos, se fará mais presente em nossas vidas, algo como a internet que antes era um item de luxo e hoje é indispensável à vida moderna.
Em princípio, temos que entender que o conceito de IA vai muito além de aparelhos e sistemas. A IA já se faz presente em nossas casas, em nossos celulares, em nossos carros e em lugares que nem imaginamos. Mas afinal, o que é IA? Qual o conceito que a define melhor? É bom que se diga que existem vários tipos de Inteligências Artificiais, e vamos tentar aqui abrir um conceito que deixe portas abertas para que todos sejam atendidos. John McCarthy, o criador do termo IA, descreve a mesma como a “capacidade de solucionar tecnologicamente problemas normais à inteligência humana, realizando determinadas atividades de maneira autônoma e aprendendo por si mesmas, graças ao processamento de um grande volume de dados que recebem de seus usuários.”
Há algum tempo, estamos nos deparando com sites e aplicativos que discorrem sobre praticamente tudo de qualquer assunto, de forma técnica, com consistência suficiente para que tenhamos, senão um aprofundamento sobre o assunto buscado, pelo menos uma base sólida que tiraria da escuridão total sobre o mesmo. No mesmo sentido, já usamos carros que nos alertam ou evitam acidentes com itens reativos, já existem até carros que transitam de forma autônoma, com e sem motoristas. Isso não é muito diferente dos recursos que deixam aviões e navios cada vez mais seguros em suas viagens. Nossas vidas cada vez mais são balizadas por assistentes eletrônicos que nos auxiliam com agendas, usos de aparelhos e conexões. Embora não sejam IA propriamente ditas, usam da mesma para solucionar coisas corriqueiras do nosso dia a dia, cada vez mais agitado e com maiores demandas, a ponto das IAs selecionarem em nossos dispositivos quais notícias são ou não de nosso interesse, bem como o que queremos ou não comprar. Lembrem daquela propaganda que ‘pula” na sua tela, justo daquele produto que você comentou que está querendo adquirir? Então é sobre isso!
É inegável o que a IA pode nos trazer de vantagens no mundo corporativo, mas e quanto à formação da nova geração de humanos? Temos que pensar que, com tanta facilidade, não podemos retroceder em nossa formação intelectual. Afinal, o intelecto humano, apesar de mais lento e de menor avaliação de variáveis, ainda somos os únicos capazes de raciocinar com ponderação, empatia, compaixão e lógicas sentimentais que o mundo algorítmico e lógico não conseguem equacionar. As preocupações que trago aqui são duas, em princípio. A primeira é não delegarmos decisões importantes de nossas vidas a algo sem senso de humanidade. A segunda é nos abatermos com a ignorância advinda do conhecimento fácil, porém superficial de tudo.
Quando pensei nesse tema, resolvi trazer a opinião da própria IA para o debate. Quando questionei sobre como equacionar a questão ética das decisões e respostas elaboradas por IAs, ela me respondeu: “Utilizar a inteligência artificial (IA) com ética envolve a consideração dos aspectos morais e valores humanos ao projetar, desenvolver e utilizar sistemas de IA. É um princípio que busca garantir que os sistemas de IA sejam utilizados de maneira responsável, justa, transparente e que respeite os direitos e a privacidade das pessoas.” (Chat GPT, 2023). Observem que a própria IA, a mais popular da atualidade, delega a quem opera ou recebe suas respostas a ponderar sobre os resultados apresentados. Lembrando que a origem do artificial é espelhar a sabedoria humana, o que traz minha segunda preocupação à luz. Temos que ter profundidades em nossos estudos, uma academia mais especializada, uma vibração maior das ciências e dos cientistas. Precisamos, no jargão esportivo, subir o sarrafo do conhecimento, uma vez que a IA já arranha a superficialidade de tudo.
Por fim, quero trazer a inteligência, nada artificial, do Barão de Montesquieu, que dizia: “a liberdade é um bem tão apreciado que queremos ser donos até da alheia”. Propositalmente, quis finalizar falando em liberdades porque o mau uso das IAs culmina de vários modos na privação de nossas liberdades, sejam elas quais forem. Até a próxima terça-feira, aguardo todos para mais uma reflexão .
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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