Nesse início de setembro, uma campanha toma conta das mídias em geral: o Setembro Amarelo. A campanha surgiu nos Estados Unidos em 1994, quando a família de um jovem que atentou contra a própria vida distribuiu, em seu velório, cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que estivessem enfrentando problemas emocionais. A cor amarela fazia alusão à cor de um carro que o jovem tinha e gostava muito.
O sentido de trazer esse tema para nossa conversa semanal é buscar o olhar sobre o outro, aqueles que passam por problemas e que por vezes estão ao nosso lado, mas não conseguimos sentir a falta de empatia que muitos falam, porém poucos sabem o real significado. Entendo que o exercício da empatia só é possível com a popularização da humildade. Atualmente, observamos as castas sociais rumarem para o inverso do que propomos. A humildade é o adjetivo menos utilizado para qualificar líderes de forma geral. Cultuamos sempre a liderança incisiva que busca resultados a qualquer custo e em qualquer tempo. Julgamos e condenamos como perdedores ou preguiçosos aqueles que se recusam a seguir esse ritmo frenético sempre divulgado, badalado, cultuado, admirado, seguido e por fim almejado por uma maioria consumidora desse sonho de vida postado em redes sociais.
Talvez seja a somatização de fatores, mas, observando o crescimento das redes sociais, também observamos que os casos de ansiedade, depressão e outros transtornos de ordem emocional crescem paralelamente, chamando a atenção. Indiscutivelmente, o ser humano é um ser social. Sócrates, quando afirmou isso, nem imaginava o quão social o mundo se tornaria e como, assim mesmo, a solidão seria um problema em um mundo de pessoas interligadas. Talvez o motivo seja o tipo de socialização: escutar o que o outro sente, olhar a expressão de quem diz que está bem, mas que realmente não está. A conexão do ser humano não pode ser franqueada a intermediários eletrônicos nem a muletas digitais. A aproximação buscada é sempre essa da palavra amiga, do abraço que acolhe, do chacoalhão que nos desperta e nos traz a vida que vale a pena ser vivida, uma vida real, com boas e más notícias, com momentos felizes e de tristeza. Entender que cada um vive no seu ritmo e que não há uma vida humana ideal, um modelo a ser seguido. Somos únicos e insubstituíveis para quem nos ama.
Proponho a todos que façamos o exercício da empatia, a libertação da frieza das conexões virtuais e que estejamos mais presentes na vida do outro: seja família, amigos, colegas e por que não do desconhecido. Levemos a vida de forma mais leve, sejamos responsáveis e justos, mas nunca carrascos de nós mesmos. Momentos amargos da vida devem ser entendidos como uma apuração do paladar, para que desfrutemos com melhor experiência o doce que a vida nos oferece. Momentos que nos fazem rir sozinhos e encontrar motivos para seguir em frente em nossas caminhadas.
Parar, pensar, cada um de nós tem pelo menos um motivo para não desistir da caminhada. Vamos esquecer o passado, esperar o futuro e VIVER o presente. Para fechar nossa conversa, quero trazer uma frase do velho Ariano Suassuna: “Quando eu vejo que estou me levando excessivamente a sério, o palhaço que tenho dentro de mim dá uma cambalhota”. Um abraço, aguardo todos na próxima terça-feira. Até lá!
*Você pode conversar com um voluntário do CVV – Centro de Valorização da Vida ligando para 188 de todo o território nacional, 24 horas todos os dias, de forma gratuita. Acesse o site https://www.cvv.org.br/ .
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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