Defesa Civil do Amazonas adverte: População deve estocar alimentos devido à vazante

26/09/2023 as 12:40 pm

O Amazonas se prepara para enfrentar uma seca mais severa do que o comum para esta época do ano, devido ao fenômeno climático El Niño. As estimativas da Defesa Civil estadual apontam que até 520 mil pessoas serão afetadas por essa situação, levando pelo menos 14 municípios do estado a declararem estado de emergência.

Segundo o tenente-coronel Adson Souza, chefe da Coordenadoria de Operações da Defesa Civil do Amazonas, que disse ao Estadão Conteúdo, o órgão orientou a população atingida pelas dificuldades causadas pela vazante dos rios a tomar medidas preventivas com bastante antecedência. Entre as recomendações, está a estocagem de alimentos e, se possível, o deslocamento para as sedes dos municípios.

A Defesa Civil calcula que, até dezembro, 130 mil famílias sentirão os impactos da estiagem. Esse número se traduz em um total de 520 mil pessoas, estimado com base nas últimas grandes secas ocorridas no Amazonas em 2005 e 2010.

O risco de desabastecimento é uma das preocupações centrais do governo. A limitação de barcos nas calhas do Alto Solimões, Juruá e Médio Solimões já dificulta o transporte de insumos para a população. As comunidades ribeirinhas, que dependem do deslocamento fluvial para se abastecerem, estão particularmente em risco.

“A gente orienta que façam deslocamento enquanto podem para locais onde teriam um maior suporte”, afirmou o tenente-coronel Adson Souza ao UOL.

Neste momento, 59 dos 62 municípios do Amazonas estão em algum nível de alerta devido à estiagem, de acordo com o Centro de Monitoramento e Alerta (Cemoa). Das calhas do Alto Solimões, Juruá e Médio Solimões, 14 municípios já se encontram em situação de emergência, outros 15 estão em estado de alerta e 30 em atenção.

A Defesa Civil afirma que o período normal de seca no Norte foi agravado pelo El Niño, que inibe a formação de nuvens de chuva. A previsão é de que a estiagem seja prolongada e mais intensa se comparada a anos anteriores.

A falta de chuvas também é evidenciada pelos números. Em agosto, apenas 18,1 mm de chuva foram registrados na capital Manaus, o que representa apenas 32% da média climatológica para o período, que é de 56,1 mm, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A seca não afeta apenas o Amazonas. Em Rondônia, a capital Porto Velho também está em risco, de acordo com medições do Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (Sipam), administrado por órgãos federais.

Para enfrentar essa crise, os governadores do Amazonas, Wilson Miranda Lima, e de Rondônia, Marcos Rocha, juntamente com deputados e senadores dos estados, terão uma reunião com o governo federal nesta terça-feira (26/09). O governo estadual do Amazonas planeja investir R$ 100 milhões e articular “30 órgãos da administração direta e indireta” para lidar com a situação.

Além dos impactos humanos, a seca também afeta a navegação em rios importantes, como o Amazonas, reduzindo significativamente a capacidade de transporte. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos e Transportes, os recursos já estão reservados para a realização de obras de dragagem na região, que devem ocorrer até o início de outubro. Essas obras visam remover resíduos no fundo do rio para facilitar o fluxo das embarcações.

Foto: Divulgação/Defesa Civil do Amazonas

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