Avanço no tratamento do Câncer: Anvisa aprova testes com terapia CAR-T

29/09/2023 as 6:56 pm

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização à Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP), em colaboração com o Instituto Butantan, para dar início a ensaios clínicos de um medicamento pioneiro no Brasil, baseado em células geneticamente modificadas conhecidas como CAR-T. Essa pesquisa representa um passo significativo no avanço do tratamento contra cânceres hematológicos, como leucemia linfoide aguda B e linfoma não Hodgkin B.

De acordo com a Anvisa, esses ensaios encontram-se em fase clínica inicial, com o objetivo de avaliar tanto a segurança quanto a eficácia desse tratamento em pacientes com casos recidivados e refratários desses cânceres, ou seja, aqueles que apresentam recorrência da doença ou que não respondem ao tratamento convencional. A terapia em questão utiliza as próprias células de defesa do organismo para combater esses tipos de câncer.

A Anvisa ressaltou em comunicado que “tanto a tecnologia de transferência de genes, por meio de vetor viral, quanto a tecnologia de produção das células são avanços em desenvolvimento pelos pesquisadores nacionais”.

Este avanço não é isolado: em maio deste ano, um paciente participante de um estudo com a terapia CAR-T Cell, conduzido pelas Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da USP de Ribeirão Preto em parceria com o Hemocentro da cidade e o Instituto Butantan, alcançou remissão completa de um linfoma não Hodgkin em apenas um mês. Dos 14 pacientes envolvidos no estudo, nove alcançaram remissão completa, um resultado que foi celebrado por pesquisadores.

A autorização concedida pela Anvisa para os ensaios clínicos visa impulsionar o desenvolvimento de terapias avançadas que possam ser disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A FUNDHERP e o Instituto Butantan foram selecionados em janeiro deste ano por meio de um edital de chamamento.

O processo de autorização envolveu um amplo trabalho conjunto entre a Anvisa e os patrocinadores, com reuniões periódicas e discussões técnicas e regulatórias. A análise documental pela agência se estendeu por 104 dias, seguida por 144 dias de resposta às demandas apresentadas pela FUNDHERP.

Após a aprovação dos ensaios clínicos, a Anvisa elaborou um plano de acompanhamento que inclui revisões frequentes dos dados e informações da pesquisa, com ações planejadas até dezembro de 2024. Se os resultados forem bons, o objetivo é registrar o produto rapidamente para que as pessoas tenham acesso a uma opção de tratamento segura, eficaz e de alta qualidade disponível no SUS.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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