Vamos hoje conversar sobre o filme/polemica do momento, “O Som da Liberdade”. Filmado em 2018 com dinheiro de investidores mexicanos, o filme conta com a história do ex-agente especial de Segurança Nacional norte-americano Tim Ballard, que, em 2013, comandou o grupo “Operation Underground Railroad” para resgatar crianças sequestradas de traficantes de uma rede de exploração sexual. Quando esteve no Brasil para o lançamento da película, Monteverde fez questão de dissociar a obra da teoria da conspiração conhecida como QAnon, popular entre a extrema-direita nos EUA, que, entre outras narrativas, acusa os progressistas de controlarem redes globais de tráfico sexual infantil.
Polemicas à parte, a obra enfrenta uma batalha ferrenha contra a mídia tradicional que, para dizer o mínimo, não vem promovendo o filme. Críticos de cinema buscam até silenciar comentários para não jogar luz sobre a obra. Ocorre que, por trás de tudo isso, o que notamos é que a polarização política cria sempre uma cortina de fumaça sobre fatos e atos que deveriam ser debatidos por toda a sociedade. O fato de haver acusações, sem provas, de um lado para o outro não deveria ofuscar o cerne da questão discutida: as violências crescentes contra crianças e adolescentes.
A democracia vai muito além do voto. Ela requer respeito a normas comuns, reconhecimento da legitimidade dos adversários, havendo sempre tolerância e diálogo. O excesso de polarização compromete todos esses quesitos. Em uma sociedade concentrada em dois lados radicalizados, adversários são vistos como inimigos, o diálogo não é incentivado e é até condenado, ficando a triste e errada ideia de que transgredir as regras parece ser justificável, inclusive por instituições que deveriam zelar pelo justo e correto.
Devemos buscar conhecimento e abandonar a ideia de que a mídia é a mediadora do conhecimento; devemos nos informar e não nos deixar sermos informados da forma que bem entendem os “influenciadores”, cada vez mais inseridos em nossas rotinas, desempenhando uma grande influência na sociedade, transmitindo comportamentos, moda e atitudes, que nem sempre são interessantes ou sequer são verdadeiras. Devemos lembrar sempre que se trata de um comércio que sempre irá tentar nos oferecer o que tem em suas prateleiras e, como afirmava Sócrates, o filósofo, “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
Aguardo todos para, na próxima terça-feira, estarmos juntos. Até lá!
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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