Rio Negro registra nova queda de 9 centímetros em Manaus

19/10/2023 as 7:20 pm

O Rio Negro, o imponente afluente da margem esquerda do Rio Amazonas, na vastidão da Amazônia, tem sido alvo de preocupações crescentes à medida que seu nível continua a cair de forma alarmante. Nas últimas 24 horas, o rio registrou uma queda adicional de 9 centímetros, atingindo uma cota de vazante inédita de 13,29 metros nesta quinta-feira (19/10), de acordo com medições realizadas pelo Porto de Manaus. Essa marca representa a cota mais baixa desde o início das medições, em 1902.

O Rio Negro, classificado como o sétimo maior rio do mundo em termos de volume de água, desempenha um papel crucial na ecologia da região amazônica. Sua origem se encontra nas bacias dos rios Orinoco e Amazônica, e ele estabelece uma conexão com o rio Orinoco por meio do canal do Cassiquiare. No território colombiano, onde nasce, é denominado de rio Guainia. Entre seus afluentes mais notáveis estão os rios Branco e Vaupés.

O ciclo natural do Rio Negro envolve oscilações sazonais significativas. Anualmente, durante o degelo nos Andes e a estação das chuvas na região amazônica, o nível do rio sobe substancialmente, atingindo seu ponto mais alto nos meses de junho e julho, coincidindo com o período conhecido como “verão amazônico”. No entanto, a situação atual é preocupante, pois o rio tem diminuído seu nível e pode prolongar a estiagem devido a dois fenômenos simultâneos.

O primeiro é o fenômeno El Niño, que eleva a temperatura das águas superficiais no oceano Pacífico Equatorial, afetando os padrões climáticos globais. Além disso, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, localizado logo acima da linha do Equador, está inibindo a formação de nuvens e reduzindo o volume de chuvas na região amazônica.

Cientistas de renomadas instituições, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), todos vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), alertam para a conjunção desses fenômenos climáticos, o que agrava a situação e implica em possíveis impactos ambientais e sociais.

Foto: Antonio Lima/Secom

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