Mergulhando nas profundezas da discografia do Queen, encontramos uma joia surpreendente: “I Want to Break Free”. Contrariando a crença popular, essa música icônica não foi obra de Freddie Mercury, mas sim do baixista John Deacon. Lançada em abril de 1984 como parte do álbum “The Works”, ela transcendeu sua criação para se tornar uma das músicas mais emblemáticas da banda.
Essa canção é, na verdade, um desabafo de John Deacon, um grito de liberdade que ele ansiava, expressando sua timidez e frustração por não ser o vocalista da banda. Era um momento tumultuado para o Queen, com tensões internas ameaçando dividi-los. E essa música captura perfeitamente essa atmosfera carregada.
Ainda que muitos interpretem erroneamente “I Want to Break Free” como uma afirmação da liberdade sexual devido ao seu videoclipe provocante, a verdade é que a música reflete os sentimentos de reclusão e opressão de John Deacon e a tensão no grupo. No entanto, o videoclipe é um capítulo à parte, com os membros da banda vestidos como mulheres, provocando controvérsia e levando a mal-entendidos sobre sua intenção.
Musicalmente, a faixa é uma virada ousada para o Queen, com elementos de synth-pop e uma forte presença de sintetizadores. Alguns fãs puristas podem torcer o nariz, mas a música é um testemunho da versatilidade da banda. O solo de sintetizador, frequentemente atribuído a Brian May, é, na verdade, executado por Fred Mandel, e é um dos momentos mais cativantes da música.
Apesar das polêmicas, “I Want to Break Free” teve um impacto significativo na Europa e na América do Sul, atingindo o topo das paradas em muitos países. No entanto, nos Estados Unidos, alcançou apenas a modesta 45ª posição. No Reino Unido, a música ficou em terceiro lugar e vendeu mais de duzentas mil cópias.
A faixa possui três versões, incluindo a estendida, com mais de sete minutos de duração, uma delícia para os amantes da pista de dança. Além disso, o lado B do single apresenta a poderosa “Machines (or Back to Humans)” na maioria dos países, enquanto no Brasil, brindaram-nos com “It’s a Hard Life”.
“I Want to Break Free” continua sendo uma das músicas mais memoráveis do Queen, uma rebelião musical e um testemunho das tensões e transformações da banda naquela época. Ela é um lembrete de que, mesmo nas adversidades, a música tem o poder de unir e transcender. Uma obra-prima indiscutível, que reforça o legado imortal do Queen na história da música.
Aproveite para conferir minha próxima coluna na semana que vem e mergulhar ainda mais fundo no mundo da música e da cultura.
Angelo Gomes – Profissional de marketing, músico e colecionador de livros e cd’s
Instagram – @angelogomesmktedu
Foto: Divulgação