Brasil aumenta presença militar na fronteira com Venezuela e Guiana

30/11/2023 as 8:56 pm

O Ministério da Defesa do Brasil incrementou sua presença militar na fronteira norte do país, especialmente na região de Pacaraima, Roraima, que faz fronteira com a Venezuela. Este movimento é uma resposta direta a um pedido do senador Hiran Gonçalves (PP-PR), visando reforçar a segurança na área, que tem se tornado cada vez mais tensa.

A urgência desta ação decorre das recentes tensões geopolíticas na região, agravadas pela decisão do governo venezuelano de realizar um referendo sobre a anexação da Guiana Essequiba, uma área rica em recursos naturais e de grande importância estratégica, correspondendo a quase metade do território da Guiana.

A diplomacia brasileira, representada pela embaixadora Gisele Padovan, Secretária de América Latina e Caribe, reiterou o papel do Brasil na mediação dos conflitos entre a Guiana e a Venezuela. Durante uma coletiva de imprensa sobre a 63ª Cúpula do Mercosul e Estados Associados, Padovan destacou as negociações diplomáticas conduzidas pelo Brasil com ambos os países. Ela enfatizou a importância do diálogo pacífico e da manutenção da estabilidade regional, especialmente considerando os conflitos militares em outras partes do mundo, como o conflito israelo-palestino e a guerra na Ucrânia.

O Caso

Em um contexto de crescente tensão regional, o governo venezuelano agendou para o próximo domingo, 3 de dezembro, um referendo consultivo sobre a anexação da Guiana Essequiba. Essa região, rica em recursos naturais, incluindo uma estimativa de 11 bilhões de barris de petróleo, tem sido objeto de uma disputa territorial prolongada entre a Guiana e a Venezuela.

A contenda tem suas raízes no século 19, quando a Guiana ainda era uma colônia britânica. A região em disputa, inicialmente ao leste do Rio Essequibo, foi estendida para o oeste após a descoberta de ouro, demarcada pela Linha Schomburgk, em homenagem ao explorador Robert Hermann Schomburgk. Em 1899, uma decisão da Corte Internacional de Paris alterou significativamente a fronteira, excluindo a Essequibo do território venezuelano, uma decisão que a Venezuela contesta até hoje, baseando-se no Acordo de Genebra de 1966.

Apesar dos esforços da ONU e da CIJ para mediar a disputa, analistas internacionais permanecem céticos quanto à possibilidade de um reconhecimento, por parte da Venezuela, de qualquer decisão favorável à Guiana.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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