Blindados desembarcam em Roraima e reforçam fronteira com Venezuela e Guiana

04/02/2024 as 4:46 pm

O Exército Brasileiro concluiu o envio de 28 blindados para o estado de Roraima, como parte da Operação Roraima, com o objetivo de fortalecer a segurança na fronteira com a Venezuela e Guiana. Essa medida vem em resposta ao aumento das tensões entre esses países, relacionado à disputa pela região de Essequibo.

A operação, que faz parte de um amplo planejamento do Exército Brasileiro para fortalecer a presença na Amazônia, incluiu o deslocamento de equipamentos militares para a região amazônica. Segundo informações das autoridades militares, esse esforço resultará em um aumento de 10% no efetivo de tropas nos Comandos Militares do Norte e da Amazônia.

O Centro de Comunicação Social do Exército afirmou em nota que “a chegada dos blindados é resultado do planejamento do Exército Brasileiro voltado para reforçar e priorizar a Amazônia”. Além disso, a estrutura da unidade militar em Roraima está em processo de expansão, passando de esquadrão para regimento, com previsão de conclusão para 2025, quando contará com três esquadrões e aproximadamente 600 militares.

Os blindados, que partiram de Campo Grande (MS) em 17 de janeiro, percorreram mais de 3,5 mil quilômetros até Manaus, onde chegaram na semana passada, antes de serem deslocados para Roraima.

O comboio que chegou à Boa Vista (RR) incluiu 14 Viaturas Blindadas Multitarefa (VBMT) 4×4 Guaicurus, equipadas com sistemas de armas remotamente controlados, meios optrônicos de visão térmica e módulos de comando e controle. Além disso, foram enviadas oito Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal Médio sobre Rodas (VBTP-MR) Guarani, seis Viaturas Blindadas de Reconhecimento Média Sobre Rodas (VBR-MSR) EE-9 Cascavel, bem como outras viaturas administrativas.

Disputa Territorial e Mediação

A decisão de deslocar tropas e equipamentos militares para Roraima surge em meio às tensões entre Venezuela e Guiana, decorrentes da disputa pelo território de Essequibo. Esse território, com uma área de 160 mil km² e uma população de 120 mil pessoas, é alvo de controvérsia desde o século XIX, quando foi entregue à Grã-Bretanha, que governava a Guiana na época. A Venezuela nunca reconheceu essa decisão e sempre considerou a região como “em disputa”.

Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra, após a independência da Guiana, estabelecendo que a região ainda estava “por negociar”. Especula-se que Essequibo possua vastas reservas de petróleo, o que intensifica a importância dessa disputa.

Em dezembro de 2023, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, comprometeram-se a não usar a força para resolver a controvérsia, com a mediação do Brasil. Uma nova reunião entre os líderes está programada para ocorrer até março deste ano, visando dar continuidade às negociações. O Brasil desempenha um papel crucial na busca de uma solução pacífica para essa disputa territorial na América do Sul.

Foto: Comando Militar da Amazônia

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