Ernest Hemingway é considerado o principal autor da literatura norte americana, em sua vida fez de tudo, praticava boxe, caça, pesca, se envolveu em safaris na África, foi correspondente de guerra e dirigindo uma ambulância durante a primeira guerra mundial Hemingway foi ferido por estilhaços de um morteiro que explodiu ao seu lado, matando um soldado e ferindo outro. Mesmo com vário fragmentos de estilhaços nas pernas, Hemingway conseguiu carregar o colega ferido até ser atingido no joelho direito por um tiro de metralhadora. Sua vida é quase um roteiro do filme Forrest Gump O Contador de Histórias. Partes destas experiências foram parar nos seus livros. Já no fim da década de 1940 e início da década de 1950 vivendo em Cuba Hemingway praticava pesca e conhecia muito bem a geografia e as pessoas da região, foi aí que escreveu “O Velho e o Mar”.
Em “O Velho e o Mar”, acompanhamos a história de Santiago, um velho pescador cubano que há 84 dias não consegue pescar nada. Mas como todo pescador vive do que pesca, todos na aldeia passam a chamá-lo de “mala sorte”, afastando-se dele. A exceção é o garoto Manolin, que cuida de Santiago trazendo-lhe comida e roupas e, em troca, Santiago conta a Manolin histórias sobre lendas do beisebol e sobre seus dias de juventude pescando em um barco na África. Todas as noites Santiago sonha com leões nas praias da África.
Santiago decide então fazer-se ao mar sozinho enfrentando ondas gigantescas em um barco minúsculo. Como não consegue pescar nada resolve ir mais longe. Vai em direção ao alto-mar, em busca de um peixe grande. Consegue pescar um Marlim gigantesco e trava uma luta de três dias com aquele peixe imenso, um animal quase mitológico. Santiago conquista o prêmio e vence o Marlin. Como o peixe é muito grande Santiago não consegue colocá-lo dentro do barco, então amarra o peixe ao lado do seu pequeno barco, porém do peixe escorre um fio de sangue que atrai predadores e logo o peixe é atacado e devorado por tubarões. Apesar de lutar Santiago não consegue evitar de chegar na praia apenas com a carcaça do peixe, mas sua coragem e resiliência inspiram respeito e admiração em todos ao seu redor. O Velho e o Mar é um livro pequeno, menos de cem páginas, porém sob a superfície aparentemente simples, Hemingway tece uma narrativa profundamente filosófica sobre a luta humana contra as adversidades da vida. Através das experiências de Santiago, somos confrontados com questões universais sobre coragem, solidão, resiliência e a busca incessante pelo significado da vida. Percebemos também as presenças dos mitos gregos no grande Oceano, o Leviatã Marinho ou próprio Mito de Sísifo. É de Hemingway a célebre frase: “Um homem pode ser destruído, mas não derrotado”.
A persistência de Santiago ilustra a resiliência do espírito humano diante da adversidade. Mesmo diante de repetidos fracassos e desapontamentos, ele se recusa a desistir. A vontade de sobrevivência inata que reside dentro de todos nós. Santiago nos lembra que, mesmo nos momentos mais sombrios, a capacidade de perseverar e buscar uma saída é uma característica fundamental da condição humana. O protagonista Santiago é o próprio Hemingway quase na aurora da vida e personifica a perseverança inquebrável do espírito humano diante das dificuldades. Sua luta solitária contra o peixe representa não apenas uma batalha física, mas também uma busca pela autoafirmação e redenção. Hemingway, com sua prosa concisa e direta, nos mergulha nas profundezas do oceano e da psique humana, nos convidando a refletir sobre o verdadeiro valor da conquista e da derrota.
O Velho e o Mar é um livro rápido de ler com grandes significados e mensagens, que tal agora você conhecer outras grandes obras de Hemingway?
Paulo Albuquerque – Formado em Tecnologia Florestal, instrutor de informática e conectado em Literatura, Sci-Fi e Cultura Pop.
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