Brasil terá aumento de 83,5% em novos casos de câncer até 2050

19/05/2024 as 9:12 pm

As projeções da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), são preocupantes. Conforme os dados, espera-se um aumento de 77% nos casos globais de câncer até 2050, totalizando cerca de 35 milhões de novos diagnósticos. No Brasil, a situação é ainda mais grave, com uma estimativa de crescimento de 83,5%, o que representa aproximadamente 1,15 milhão de novos casos anualmente.

O oncologista Carlos Gil, presidente de honra da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e do Instituto Oncoclínicas, destaca que esse cenário não se deve apenas aos avanços na detecção precoce, mas também aos hábitos de vida prejudiciais e ao envelhecimento da população. Em entrevista ao jornal O Globo, Gil aponta os desafios que o Brasil enfrenta na batalha contra o câncer e as oportunidades que surgem com o avanço das tecnologias médicas.

Segundo o especialista, o país carece de políticas robustas para prevenção e diagnóstico precoce da doença. Embora existam iniciativas específicas, como programas de rastreamento para o câncer de mama, há uma lacuna significativa quando se trata de outros tipos de câncer, como o colorretal e o de pulmão. Em contrapartida, países mais desenvolvidos possuem sistemas de rastreamento eficazes para diversas formas da doença.

“Não temos uma política clara que favoreça a prevenção e o diagnóstico precoce. Temos políticas pontuais do Ministério da Saúde para determinados tipos de câncer, como o de mama, mas não temos programas para diagnosticar cedo câncer colorretal, com colonoscopias de rotina, não temos programa de rastreamento do câncer de pulmão. E isso é o que os países desenvolvidos vêm fazendo. A única ação que fizemos de forma bem sucedida nesse sentido foi o programa de cessação do tabagismo para prevenção”, explica Gil.

A acessibilidade a tratamentos de última geração, como cirurgias minimamente invasivas e radioterapia avançada, ainda é limitada no setor público de saúde. Poucas instituições contam com tecnologia de ponta e profissionais devidamente capacitados. No setor privado, embora a infraestrutura seja melhor, há margem para melhorias significativas. O investimento em pesquisa clínica no setor público é considerado insuficiente, o que dificulta o desenvolvimento de tecnologias nacionais acessíveis. A escassez de financiamento tem sido um entrave para avanços substanciais no controle do câncer no Brasil.

“O acesso a tratamentos mais modernos disponíveis hoje, que têm um impacto na sobrevida e na qualidade de vida. Cirurgias minimamente invasivas, por vídeo, robóticas, fazem muita diferença para tumores como os da pelve, casos do de reto, próstata, ginecológico. Mas no setor público, temos pouquíssimas instituições com robôs operantes e profissionais treinados. Na rede privada, temos mais infraestrutura, mas ainda podemos melhorar muito. O acesso à radioterapia também é um problema. Temos um número de aparelhos de última geração muito pequeno. Existe um programa do ministério para ampliar esse número, mas está atrasado”, observa o especialista.

Foto: Unplash

Brasil terá aumento de 83,5% em novos casos de câncer até 2050

PF indicia Bolsonaro e mais 36 por suposta tentativa de golpe

Empresas de aviação receberam R$ 3 bilhões em isenções fiscais em 2024

Ministro da Defesa garante que investigações irão descartar suspeitas sobre as Forças Armadas

GP de Las Vegas de F1: onde assistir, horários e programação completa

Ministro Alexandre de Moraes convoca nova audiência para ouvir Mauro Cid