“O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte” diz defesa da família de Djidja

01/06/2024 as 11:55 pm

A situação da mãe e do irmão de Djidja Cardoso, conhecida como ex-sinhazinha do Boi Garantido, ganham contornos mais sombrios com a revelação de sua investigação por suposto tráfico de drogas e associação ao crime.

De acordo com informações obtidas pelo jornal O Globo, a prisão preventiva dos dois foi justificada como uma medida que, segundo seu advogado, os “salvou da morte”. Os mandados também atingiram funcionários dos salões Belle Femme, propriedade da família, onde foram encontradas seringas e drogas.

Os mandados de prisão também alcançaram três funcionários da rede de salões Belle Femme, sob o controle da família. De acordo com informações do delegado responsável, durante as operações nos estabelecimentos da referida rede, foram apreendidas centenas de seringas, algumas já preparadas para o uso, além de quantidades da substância entorpecente. Ademar Cardoso, além disso, enfrenta acusações de estupro.

A audiência de custódia, ocorrida na sexta-feira, ratificou a legalidade das prisões de Cleusimar e Ademar. O advogado Vilson Benayon, que representa a dupla, ressaltou que, durante o procedimento, seus clientes não prestaram depoimento, visto que, no momento da prisão, estavam em estado alterado devido ao consumo de drogas. Benayon enfatizou que uma parte significativa da receita dos salões Belle Femme era destinada a sustentar o vício.

“Pedimos o toxicológico e a internação compulsória dos dois em uma clínica de reabilitação. Eles foram atendidos na enfermaria do complexo prisional em crise de abstinência. Ontem estavam de um jeito, hoje estão de outro. O que eles têm é uma patologia, a prisão os salvou da morte”, explicou o advogado em suas declarações ao jornal.

A defesa argumenta que Cleusimar e Ademar estavam em estado de insanidade mental, carecendo de consciência da realidade enquanto sob influência da droga. Segundo o advogado, não houve comercialização dos entorpecentes por parte da família, que os adquiria exclusivamente para uso pessoal.

Intitulada “Pai, Mãe, Vida”, a seita liderada por Cleusimar e Ademar possuía uma forte carga religiosa, acreditando-se, respectivamente, serem Maria Madalena, Maria e Jesus Cristo.

“A morte possui particularidades, especialmente diante da possível utilização de substâncias psicotrópicas. Existe a suspeita de um abuso que culminou no óbito dela (…) A hipótese de homicídio ainda não está sendo considerada. Para que possamos afirmar que houve uma morte violenta e um homicídio, são necessários elementos de autoria, e é isso que estamos investigando”, esclareceu o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.

As investigações tiveram início aproximadamente 40 dias atrás, e a droga era obtida de forma ilegal em uma clínica veterinária. Vítimas relataram terem sido drogadas e mantidas em cárcere privado. O falecimento de Djidja foi o ponto de partida para as operações contra a organização, conforme declarou o delegado Cícero Túlio em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira.

“Eles utilizavam (a droga) para entrar nessa espécie de transe, para, segundo eles mesmos relataram, transcenderem para outra dimensão”, explicou o delegado Cícero Túlio. “Diversas pessoas já foram ouvidas no decurso da investigação. Duas pessoas relataram fatos criminosos que levam a crer na possibilidade prática de estupro de vulnerável. Inclusive, com a possibilidade de ter acontecido um aborto com uma dessas garotas.”

Antes de sua prisão, a mãe de Djidja Cardoso compartilhou uma nota em suas redes sociais. “A família de Djida Cardoso se encontra consternada já que, diante da dor de sua partida, está sendo obrigada a lidar com notícias falsas e polêmicas quanto à causa de sua morte”, destaca o comunicado.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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