Ao ouvir os acordes iniciais de “Don’t Dream It’s Over”, é difícil não se sentir transportado para os anos 80, uma época em que a esperança e a perseverança eram capturadas em melodias inesquecíveis. Esta balada emblemática do Crowded House, lançada em 1986, é mais do que um clássico do pop-rock; é uma ode à resiliência e à capacidade de superar adversidades.
Se você era jovem nos anos 80, provavelmente se lembra do impacto imediato que essa canção teve nas paradas. Com sua abertura suave e o inconfundível órgão de Neil Finn, “Don’t Dream It’s Over” não só se destacou por sua melodia cativante, mas também pela profundidade de suas letras. Finn criou uma peça que não apenas ressoava com a geração da época, mas também estabeleceu um padrão para baladas introspectivas. Em um período em que o synth-pop dominava as paradas e o glamour dos anos 80 começava a dar espaço para uma sensibilidade mais realista, o Crowded House se destacou por sua autenticidade.
Comparada a outras baladas da época, “Don’t Dream It’s Over” se apresenta com uma simplicidade poética que toca diretamente o coração, sem os excessos frequentemente produzidos nos hits da época. A faixa transcendeu o mero sucesso comercial, atingindo o número 2 na Billboard Hot 100 e ganhando popularidade mundial, em parte devido ao videoclipe dirigido por Alex Proyas. Com sua estética onírica e visual simbólico, o videoclipe complementou a mensagem da música, ampliando seu alcance.
A relevância de “Don’t Dream It’s Over” é evidenciada pelas inúmeras regravações ao longo dos anos, por artistas como Paul Young e Sixpence None the Richer. Cada nova interpretação adiciona uma camada diferente à canção, mantendo sua essência intocada enquanto demonstra sua capacidade de ressoar com diferentes gerações. Essa adaptabilidade é uma prova da profundidade da composição de Finn.
Além do sucesso de “Don’t Dream It’s Over”, o Crowded House deixou um legado significativo com outras músicas memoráveis. “Something So Strong” é um exemplo de como a banda pode criar um hit animado e irresistível. “Better Be Home Soon” e “Into Temptation”, do álbum Temple of Low Men (1988), mostram o lado mais introspectivo e emocional da banda, com letras que capturam a complexidade das experiências humanas. Já “Weather with You” e “Fall at Your Feet”, do álbum Woodface (1991), demonstram a evolução do som da banda e sua habilidade em criar músicas que permanecem relevantes e envolventes.
O impacto do Crowded House e de “Don’t Dream It’s Over” não se limita aos anos 80. A banda continua a influenciar novos artistas e a encontrar novas audiências. Em 2020, em meio à pandemia global, uma versão em quarentena de “Don’t Dream It’s Over” reuniu músicos de todo o mundo, mostrando que, mesmo décadas depois, a canção ainda pode servir como um símbolo de esperança e solidariedade.
A jornada musical do Crowded House é uma prova de que a boa música tem o poder de transcender o tempo. Neil Finn e sua banda criaram não apenas uma coleção de sucessos, mas um legado duradouro que continua a tocar e inspirar ouvintes ao redor do mundo. Em tempos de incerteza, “Don’t Dream It’s Over” permanece um farol de luz, um lembrete de que, mesmo diante das maiores adversidades, há sempre uma razão para acreditar e continuar lutando.
Angelo Gomes – Profissional de marketing, músico e colecionador de livros e cd’sInstagram – @angelogomesmktedu Foto: Reprodução