Cadê meu pai?

21/08/2024 as 3:22 pm

A invalidação do exercício do papel de pai em casos de divórcios que envolvem filhos com necessidades especiais na primeira infância é um tema delicado e complexo. Quando um pai ou mãe se vê afastado do convívio diário da criança, especialmente em situações onde a criança possui necessidades especiais, as consequências podem ser profundas e multifacetadas.

Impactos no Desenvolvimento Global da Criança

Emocional e Psicológico: A ausência de um dos pais pode gerar sentimentos de abandono, insegurança e ansiedade na criança. Para crianças com necessidades especiais, que já podem enfrentar desafios adicionais no desenvolvimento emocional, essa falta pode intensificar essas dificuldades. O apoio emocional constante de ambos os pais é crucial para ajudar a criança a desenvolver uma autoimagem positiva e habilidades emocionais.
Social: A relação com os pais é fundamental para o desenvolvimento social da criança. O distanciamento de um dos pais pode limitar as oportunidades de interação social que são essenciais para aprender habilidades sociais. Crianças com necessidades especiais podem precisar de mais apoio para se relacionar com seus pares, e a presença ativa de ambos os pais pode facilitar isso.
Desenvolvimento Cognitivo: A participação ativa dos pais na educação e nas atividades diárias da criança estimula o desenvolvimento cognitivo. Em casos onde um pai é excluído, a criança pode perder oportunidades valiosas de aprendizado e descoberta que ocorreriam em interações com ambos os progenitores.
Apoio Prático: Crianças com necessidades especiais frequentemente requerem cuidados adicionais e intervenções específicas. A divisão de responsabilidades entre os pais é vital para garantir que todas as necessidades sejam atendidas adequadamente. A invalidação do papel de um dos pais pode sobrecarregar o outro, comprometendo a qualidade do cuidado.

Importância da Co-parentalidade

Para mitigar esses impactos, é essencial que haja uma abordagem colaborativa entre os pais, mesmo após a separação. Isso inclui:

Comunicação Aberta: Manter um canal de comunicação saudável entre os pais ajuda a alinhar estratégias de cuidado e educação.
Apoio Profissional: Buscar ajuda profissional, como terapia familiar ou aconselhamento, pode ser benéfico tanto para os pais quanto para a criança.
Foco no Bem-Estar da Criança: Priorizar sempre as necessidades da criança em qualquer decisão relacionada à co-parentalidade é fundamental.

Em resumo, a invalidação do papel de pai em casos de divórcios envolvendo filhos com necessidades especiais pode ter efeitos prejudiciais significativos no desenvolvimento global da criança. Promover uma co-parentalidade saudável e respeitosa é crucial não apenas para o bem-estar imediato da criança, mas também para seu desenvolvimento a longo prazo.

Luiza Simonetti, advogada militante e ativista dos direitos das crianças e adolescentes, presidente da Comissão de Direito de Familia e Adoção da OAB-AM, Mãe do Enzo, do Theo e da Eliza, madrasta apaixonada pela Manu e Bernardo.

Instagram: @luiza.simonetti.adv

Foto: Reprodução

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