Hidrelétricas da Amazônia operam com menos de 10% de sua capacidade devido à seca

27/09/2024 as 10:55 am

As principais usinas hidrelétricas situadas na Amazônia, como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, estão enfrentando severas reduções em suas capacidades operacionais devido à estiagem prolongada que aflige a região. Segundo a agência de notícias Reuters, o decréscimo nos níveis dos rios tem limitado a geração de energia nesses locais, que operam pelo sistema “a fio d’água”, dependendo exclusivamente do fluxo natural dos rios para movimentar as turbinas.

Em decorrência da baixa vazão, a usina de Santo Antônio desligou 43 de suas 50 turbinas no início deste mês, registrando um dos níveis mais críticos de água já observados. No ano passado, em outubro, a planta chegou a interromper completamente suas operações durante duas semanas por causa da seca extrema.

Durante os primeiros 20 dias de setembro, as operações das usinas foram drasticamente afetadas: Santo Antônio funcionou com menos de 10% de sua capacidade instalada, Jirau com 5% e Belo Monte operou com menos de 3% de sua capacidade total, segundo dados do governo. Em contraste, no mesmo período de 2021 — caracterizado por chuvas intensas —, Santo Antônio e Jirau operaram com aproximadamente o dobro dessa capacidade.

Um relatório do governo de 2015 já advertia que o potencial energético dos rios brasileiros poderia sofrer uma redução de entre 7% e 30% até 2030. Desde o início de suas atividades, na década de 2010, Santo Antônio, Jirau e Belo Monte não conseguiram atingir o patamar mínimo de energia estabelecido em seus contratos, conforme informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

A Eletrobras, responsável pela operação de Santo Antônio, explicou que as projeções de produção mínima assegurada, fixadas em 2,31 gigawatts, foram baseadas em níveis históricos dos rios que não refletem as extremas variações climáticas recentes.

Com a redução na produção das hidrelétricas, o país tem recorrido ao uso intensificado de combustíveis fósseis, que são mais poluentes e onerosos. Diante dessa realidade, atualmente, estão sendo construídas 15 usinas a gás no Brasil, como parte dos esforços para contornar a crise energética provocada pela escassez hídrica.

Foto: Divulgação/MME

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