Em entrevista ao site Fato 360 , o senador Plínio Valério (PSDB) abordou temas investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs e discutiu os desafios enfrentados para superar a ignorância e os interesses divergentes que têm tumultuado as obras de pavimentação da BR-319, estrada que conecta o Amazonas aos demais estados brasileiros.
Quero fazer aqui um breve histórico para derrubar a narrativa, falsa, de possíveis crimes ambientais, uma vez que os órgãos ambientais e as entidades não governamentais que discutem meio ambiente tratam do assunto como se a mesma já não existisse de fato. A BR-319 foi inaugurada oficialmente em 27 de março de 1976 (48 anos em 2024) no governo do então Presidente Costa e Silva, possui 918 Km que atravessa a Amazônia, ligando Manaus ao resto do Brasil em 1988 foi interditada devido ao abandono, falta de manutenção e impasses políticos/ambientalistas sendo liberado o trafego em alguns meses. Em 2001, foram pavimentados alguns trechos os primeiros 58 km, ao sul, e os 100 km no extremo norte da rodovia, no sentido Manaus – Careiro Castanho, sempre enfrentando embates ferrenhos com ongs, nacionais e principalmente internacionais, órgão ambientais e políticos com viés ambientalista.
Dito isto, caros leitores, quero evidenciar que a BR-319 JÁ EXISTE! Sim, é verdade que hoje se resume a um caminho que mistura lama, barro e pedaços de asfaltos sempre muito esburacado e engolido pela mata, expondo a dualidade e a falta de consenso sobre o que fazer com uma das áreas mais sensíveis de toda a Amazônia em um misto de interesses escusos e ignorância das entidades internacionais, que se esforçam para que a mesma nunca seja reformada em uma intromissão inadmissível em nossa soberania nacional.
Em tempos de recordes de queimadas e eventos climáticos extremos impulsionados pelos grandes países industrializados, o projeto transformou a BR-319 na estrada da vergonha, opondo alas do próprio governo, chegando ao ponto da Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, ao ser indagada pelo Senador Plínio Valério, demonstrou pouco conhecimento e nenhum respeito com o povo do Amazonas, segundo ela a BR-319 só serve para “passear de carro”. Não ministra! O Amazonense e o extremo norte como um todo tem nessa estrada a única ligação terrestre que nos distancia do isolamento e das consequências deste para a população, sobretudo quando passamos pelo período da seca dos rios, piorando o abastecimento de mercadorias e as encarecendo. Aliás se a Ministra Marina, “passeasse” menos pela Noruega e Alemanha e mais pelo norte do Brasil, inclusive no Acre, seu estado natal, ela saberia das dificuldades que enfrentamos todos os anos com a estiagem dos rios e a falta da pavimentação da “BR da Vergonha”.
Neste jogo de força, a tendência é que a corda estoure, mais uma vez, do lado mais fraco, o lado do povo, não pavimentar uma estrada vital para a população, justificando que pavimentar a rodovia irá permitir que desmatadores migrem livremente do Arco do Desmatamento, no sul da Amazônia Legal, para vastas áreas de floresta, como escreveu o biólogo americano Philip M. Fearnside, é inverter a lógica universal, em uma analogia simples é prender o homem de bem, em segurança, e deixar o bandido a solta.
A sobrevivência da Floresta Amazônica passa pelo desenvolvimento sustentável da região norte, passa por investimento nas Forças Armadas e nas Polícias Federal e Rodoviária Federal para fiscalizar, passa por políticas que visem os interesses NACIONAIS, para integrar o Amazonas ao Brasil a ausência do Estado nessa região não pode ser paga com sofrimento de cidadãos amazonenses impedidos de ir e vir por terra.
Essa é uma dívida social, da Nação para com a população do Amazonas e demais regiões afetadas com o isolamento do país, dependendo de um barco ou avião para que mercadorias cheguem ou até mesmo para que possamos “passear de carro” como disse a Ministra Marina Silva, fomentando, quem sabe, o turismo interno quem sabe possibilitando que o resto do Brasil possa conhecer a Amazônia, destacando um viés turístico abrindo um novo foco econômico que também ajudaria a manter a floresta de pé. Para fechar quero lembrar a todos, na frase do poeta Nicolas Júnior, que em um poema expressa o sentimento de descaso com o povo do norte dizendo, “eu sou quase do Brasil e meu sobrenome é norte”. Vejo todos na próxima semana até lá!
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
Foto: Freepik