Dólar bate recorde, e a esquerda culpa Campos Neto; oposição critica o governo Lula

30/11/2024 as 11:32 am

O dólar comercial atingiu um novo recorde na última sexta-feira (29), alcançando a marca inédita de R$ 6,11, conforme dados do Banco Central. O pico anterior, de R$ 5,98, foi superado em meio a um cenário de crescente instabilidade econômica e fiscal no país.

A recente escalada da moeda norte-americana seguiu os anúncios feitos pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira (28), que apresentou um plano de austeridade visando um corte de R$ 70 bilhões nos gastos públicos para os próximos dois anos. As reformas propostas, que afetam áreas sensíveis como o salário mínimo e as aposentadorias de militares, foram recebidas com reservas pelo mercado, que expressou preocupação com as incertezas geradas.

Desde o início da semana, o dólar já mostrava sinais de fortalecimento, impulsionado por rumores sobre o pacote fiscal. Após a confirmação das medidas, a valorização se intensificou, resultando em uma alta acumulada de 3,02% na semana, 3,21% no mês e 23,42% no ano.

O ambiente político se aqueceu com posicionamentos divergentes. O senador Magno Malta (PL-ES) criticou o pacote econômico, associando-o diretamente à disparada do dólar: “Eu avisei! Em vez de cortar gastos, este desgoverno de esquerda trouxe um pacote desastroso de mais impostos. O único corte que tivemos foi no nosso prato! Dólar disparado, carne virando artigo de luxo, e o sofrimento dos brasileiros só aumenta.”

Eu avisei! Em vez de cortar gastos, este desgoverno de esquerda trouxe um pacote desastroso de mais impostos. O único corte que tivemos foi no nosso prato! Dólar disparado, carne virando artigo de luxo, e o sofrimento dos brasileiros só aumenta. pic.twitter.com/WQL8v9Yy2y
— Magno Malta (@MagnoMalta) November 29, 2024

Por outro lado, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu que o Banco Central deveria ter atuado de forma mais assertiva para conter a especulação cambial. “BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a R$ 6. A Fazenda já esclareceu que a isenção de IR até R$ 5 mil será vinculada à nova alíquota para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, sem prejuízo para a arrecadação. Era obrigação da “autoridade monetária” intervir no mercado contra a especulação desde seu previsível início, com leilões de swap, exigência de depósitos à vista e outros instrumentos que existem para isso. É um crime contra o país”, criticou Hoffmann.

BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a R$ 6. A Fazenda já esclareceu que a isenção de IR até R$ 5 mil será vinculada à nova alíquota para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, sem prejuízo para a arrecadação. Era…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 28, 2024

Enquanto isso, no Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal, prometendo uma análise cuidadosa de quaisquer propostas de renúncia fiscal: “Reafirmo o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal. Toda medida de corte de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas públicas contará com todo esforço, celeridade e boa vontade da Casa. Inflação e dólar altos são mazelas que atingem de forma mais severa os mais pobres. Qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa.”

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil