Senador Plínio alerta sobre a capacidade chinesa de extrair urânio em Pitinga

03/12/2024 as 10:11 pm

Em pronunciamento no Plenário do Senado nesta segunda-feira (3), o senador Plínio Valério (PSDB-AM) levantou questões sobre a venda da Mineração Taboca S.A., responsável pela operação na mina de Pitinga, no Amazonas. A empresa foi recentemente adquirida pela China Nonferrous Trade Co. Ltd. por US$ 340 milhões, o equivalente a aproximadamente R$ 2 bilhões.

O senador destacou que a mina possui reservas estratégicas de urânio, além de outros minerais, cuja exploração é de competência exclusiva da União. Ele ressaltou a importância do controle estatal e da aprovação do Congresso Nacional em transações envolvendo esses recursos, por se tratar de temas sensíveis à segurança e à soberania nacional.

“Não passou nada pelo Congresso. A Constituição Federal assegura que, por ser um mineral estratégico, o urânio é uma questão estatal. Países estão fabricando suas próprias bombas atômicas, e o urânio é fundamental para isso. Para quem ignora ou minimiza a denúncia que fazemos aqui, ele é usado na fabricação de mísseis, tanques e todo tipo de armamento”, afirmou Plínio.

O parlamentar também citou uma entrevista com o economista Samuel Hanan, ex-executivo responsável pela gestão da mina, que alertou que o interesse da China não se limita ao urânio, mas inclui também terras raras como o ítrio, essenciais para a fabricação de baterias de veículos elétricos e híbridos. Plínio questionou a gestão dos rejeitos e a possível exportação de minérios, destacando a necessidade de maior transparência nas operações.

“O governo tem que sentar e deixar claro se a estatal chinesa vai exportar minério, que seriam os rejeitos misturados, ou o estanho separado, que seria uma riqueza incalculável. O Brasil não pode entregar os famosos rejeitos de urânio, dentre outros minérios”, afirmou o senador.

“Tem muita gente vindo a público desmentir que os chineses não vão explorar urânio em Pitinga. Notas na Imprensa dizendo que não tem urânio. Então, vou citar algumas frases do Samuel Hanan, que conhece tudo ali daquela mina… Segundo o Samuel Hanan, que gerenciou a mina por muitos anos, o grande pulo do gato da compra dos chineses é a utilização de novas tecnologias para separar urânio e terras raras das milhões de toneladas de rejeitos dos últimos 40 anos, onde tem misturados esses e outros minérios valiosíssimos. Montanhas de rejeito. Ainda segundo Samuel, e eu estou citando porque é autoridade no assunto, ninguém ainda se centrou no ponto principal: qual é o interesse maior? Vamos olhar o que é. A Mina de Pitinga é um negócio praticamente único no Mundo. Foi uma coisa colossal”, reafirmou Plínio.

O senador também criticou a atuação do Ministério Público Federal, que, segundo ele, não agiu de forma efetiva diante da venda, contrastando com a rapidez em barrar outros projetos de exploração na Amazônia.

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

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