Fracasso: o novo sucesso feminino

30/12/2024 as 11:31 am

O papel da mulher dentro do casamento, frequentemente associado à ideia de “edificar o lar”, é um tema que suscita profundas reflexões sobre identidade e expectativas sociais. Essa construção social, que coloca a mulher como a responsável por manter a harmonia familiar, muitas vezes resulta em um fardo emocional significativo. A pressão para atender a esses padrões pode levar a uma sensação de fracasso quando as coisas não se desenrolam conforme o esperado.

Historicamente, as mulheres têm sido moldadas para desempenhar funções que vão além do cuidado e da organização do lar, assumindo também o papel de mediadoras em conflitos e mantenedoras das relações emocionais. Essa sobrecarga pode gerar esgotamento e frustração, sentimentos que são frequentemente invisibilizados. Quando o ideal de um lar perfeito não se concretiza, a mulher pode se sentir desvalorizada, como se seu valor estivesse atrelado ao sucesso ou ao fracasso de suas responsabilidades.

Esse contexto revela um paradoxo: a busca pela validação no âmbito familiar pode levar à perda da individualidade. O desejo de ser reconhecida como uma boa esposa ou mãe pode obscurecer os sonhos e anseios pessoais. Quando as expectativas impostas pela sociedade não são atendidas, a mulher se vê frente a um dilema existencial, questionando seu papel e sua identidade.

É crucial reconhecer que a edificação do lar não deve ser uma tarefa exclusiva das mulheres. A construção de um ambiente saudável e acolhedor é uma responsabilidade compartilhada, onde ambos os parceiros devem ter voz e ação. A valorização do papel da mulher deve ocorrer sem que isso implique em sacrificar sua saúde emocional ou sua autonomia.

A reflexão sobre esses papéis nos convida a imaginar relacionamentos mais equilibrados, onde cada parceiro contribui igualmente para o fortalecimento do lar. Esse novo entendimento permite que as mulheres busquem seus próprios desejos e aspirações, sem estarem limitadas por normas tradicionais.

Assim, ao considerarmos essas questões, percebemos que é fundamental promover uma visão mais ampla do papel da mulher na sociedade e na família. Elas devem ter espaço para florescer como indivíduos completos, livres das amarras das expectativas pré-estabelecidas. Em última análise, essa transformação é essencial não apenas para o bem-estar feminino, mas para a construção de lares verdadeiramente edificantes e harmoniosos.

Luiza Simonett i, advogada militante e ativista dos direitos das crianças e adolescentes, presidente da Comissão de Direito de Familia e Adoção da OAB-AM, Mãe do Enzo, do Theo e da Eliza, madrasta apaixonada pela Manu e Bernardo.

Instagram: @luiza.simonetti.adv

Foto: iStock

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