Brasil registra maior saída de dólares da história em dezembro de 2024

02/01/2025 as 7:18 pm

O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (2) que o fluxo cambial do Brasil foi negativo em 24,314 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 150,91 bilhões) em dezembro de 2024, marcando a maior saída de dólares do país em um único mês desde que a série histórica começou a ser registrada em 2008. Esse valor supera o recorde anterior de saída líquida de dólares, que havia sido de 17,612 bilhões em dezembro de 2019 (equivalente a R$ 109,32 bilhões na cotação atual).

A análise do Banco Central revela que o canal financeiro foi o principal responsável por essa fuga de capitais, com uma saída líquida de 26,042 bilhões de dólares (R$ 161,65 bilhões) entre os dias 1º e 27 de dezembro. Esse movimento reflete um volume de compras de 55,734 bilhões de dólares (R$ 345,97 bilhões) contra vendas de 81,776 bilhões de dólares (R$ 507,62 bilhões). O canal financeiro abrange diversas operações, incluindo investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucros, pagamento de juros e outras atividades financeiras.

Por outro lado, o comércio exterior apresentou um saldo positivo, embora modesto, de 1,728 bilhão de dólares (R$ 10,67 bilhões). Esse resultado foi alcançado com importações de 19,428 bilhões de dólares (R$ 120,55 bilhões) e exportações de 21,156 bilhões de dólares (R$ 131,22 bilhões), indicando uma leve vantagem na balança comercial.

Essa saída de dólares pode ser atribuída a uma combinação de fatores, incluindo movimentos de capital especulativo, ajustes de posições financeiras por parte de investidores estrangeiros e uma possível reavaliação dos riscos associados ao Brasil, em um cenário de incertezas econômicas globais ou domésticas. Economistas estão atentos a como essa movimentação pode afetar a taxa de câmbio e a política monetária do país no início de 2025.

A reação do mercado ao anúncio foi de cautela, com análises apontando para uma possível pressão sobre o real, já que uma saída maciça de dólares pode levar à depreciação da moeda nacional. No entanto, o efeito completo dependerá de como o governo e o Banco Central responderão a esses dados, possivelmente ajustando políticas para estabilizar o mercado cambial e atrair novamente investimentos estrangeiros.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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