Pensando nos rumos que o Brasil tomou, me pergunto sempre, onde erramos, como um pais rico e farto como o nosso sofre tanto com problemas típicos de países eminentemente miseráveis. Mas afinal, qual motivo de tantos tropeços que nos jogam sempre para o passado?
Olhando vídeos que o youtube me sugere me deparei com o psicólogo Rossandro Klinjey, em um texto/história que ele fala sobre um caso do seu repertorio profissional. Ele relata que uma paciente adulta chega em seu consultório com trauma fortíssimo de infância, alegando que sua mãe por toda sua infância gostava mais da irmã do que dela enumerando vários benefícios como viagens e festas das quais ela sempre fora preterida, analisando o caso, o psicólogo, depois de ouvir a jovem senhora, questiona a mesma de como anda sua irmã nos dias de hoje, a moça para pensa e diz que a irmã não está bem, que depende financeira e emocionalmente da mãe ainda hoje com seus 40 anos. O psicólogo então disse entender tudo que aconteceu, e diz que a mãe verdadeiramente amava a sua paciente e escolheu a irmã para “destruir” a vida dela, fazendo ela entender que o que ela achava serem castigos na realidade eram ensinamentos e ferramentas para ela ser autônoma eram, sim, a chave de sua independência sendo assim sua mãe, ainda que inconsciente, preparou a moça para a vida e se tornou desnecessária.
Rossandro, ainda segue o raciocínio com a afirmação de um psicanalista não nomeado que afirmaria o seguinte: “A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo”. A partir desta única frase podemos refletir sobre o assistencialismo que nosso país e nossos governantes teimam em ter como bandeira de reparação histórica e de uma utópica igualdade social. Na verdade, com o subsídio do poder público o Brasil é uma mãe que escolher “destruir” seus filhos lhe dando sempre o que eles querem e quase nunca o que eles precisam. O Brasil é a mão que não se tornou dispensável com o tempo, o Brasil é a mãe que reclama do filho encostado, mas, que não toma atitudes firmes para que o filho seja independente e autônomo!
Mas voltando à frase, nós poderíamos refletir a presente analogia em dois extremos. A Pátria que é má porque não faz o seu dever de cuidar, se ausentando das suas responsabilidades ou a Pátria má é a zelosa e excessiva em seus cuidados assistencialistas?
A ideia de que o “amor nunca é demais” é muito bonita e pode até ser uma verdade no campo emocional, pessoalmente tenho minhas dúvidas. Mas este “amor”, no campo comportamental e social, se transforma em algo tão corrosivo que é capaz de tirar do povo a capacidade de se erguer, a mãe Pátria, estaria retirando de seus filhos a base fundamental para edificar suas vidas e, por conseguinte a da própria Pátria mãe, que estaria lhes proporcionando um dos aspectos mais importantes para futuro de ambos, que é a sua autonomia baseada na liberdade se tornado, assim, uma mãe desnecessária.
Alguns leitores mais sensíveis podem não concordar com o termo “desnecessária” proposto pelo psicanalista e questionar o abandono seja da mãe ou da Pátria, aqui nessa minha analogia, mas, devemos entender que a proposição é distinta desse pensamento. Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe/Pátria provoque vício e dependência nos filhos/cidadãos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes, prontos para traçar seus rumos, fazerem suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros, também.
Para fecharmos esse raciocínio de fim de ano, quero lembrar as palavras de Ronald Reagan, 40º Presidente dos Estados Unidos, “não devemos julgar os programas sociais por quantas pessoas estão neles, mas sim, por quantas estão saindo”. Que possamos ter a esperança, mesmo que longínqua termos uma Pátria mãe que nos permita usufruir da liberdade. Vejo todos na próxima semana. Até lá!
Diogo Augusto , o turco, marido, pai, empreendedor, colecionador, pensador, curioso.
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