O tabuleiro político do Amazonas se aquece para 2026

23/02/2025 as 1:02 pm

Faltando 588 dias para as eleições de 2026, a movimentação política no Amazonas está a todo vapor. O cenário começa a se desenhar com uma série de articulações, encontros e estratégias que definirão os rumos dos próximos pleitos. Uma certeza é que os políticos amazonenses estão se preparando intensamente para o que promete ser uma das eleições mais disputadas da história recente. E, como sempre, a luta por espaço e relevância no tabuleiro político local é implacável.

O que estamos vendo agora, com a bancada amazonense tão ativa em busca de visibilidade e apoio, é uma reedição da velha dinâmica do “vale-tudo” pela conquista do poder. De deputados federais a senadores, a movimentação é clara: são reuniões com prefeitos, alianças com lideranças locais e uma verdadeira disputa pela supremacia política do estado. Mas qual é o real significado dessa movimentação? O que esses jogos de poder dizem sobre a nossa sociedade?

É interessante refletirmos sobre o papel do político na sociedade, algo que filósofos como Maquiavel já exploraram em seus escritos. Para ele, o político deve ser astuto, mas sempre alinhado ao poder e aos interesses do povo, o que, na prática, acaba muitas vezes diluindo os princípios éticos e morais. A política se transforma em um campo onde os fins justificam os meios, e o que estamos testemunhando no Amazonas é exatamente esse tipo de movimentação: estratégias políticas que estão sendo construídas às custas de interesses pessoais, muitas vezes em detrimento do bem coletivo.

Essa reflexão também nos leva à antropologia política, que estuda as relações de poder dentro das sociedades. O antropólogo francês Pierre Bourdieu, por exemplo, falava sobre o conceito de “capital simbólico”, referindo-se ao valor que uma pessoa pode adquirir na sociedade não apenas por sua riqueza material, mas também por sua posição e influência social. O que estamos vendo nas articulações políticas do Amazonas é a construção desse capital simbólico, onde a visibilidade, a presença nas mídias e o relacionamento com figuras chave se tornam mais importantes do que a proposta concreta de transformação social.

E isso se reflete nas escolhas dos candidatos: todos parecem ansiosos para aparecer, se mostrar ativos, engajados em todas as frentes possíveis. Enquanto alguns mantêm o foco em suas agendas em Brasília, outros fazem questão de estar constantemente nas ruas, visitando municípios, realizando encontros e costurando alianças. Eles estão atentos ao que realmente importa no jogo político: a imagem pública. Em um país onde o discurso político muitas vezes se mistura com a retórica midiática, esse movimento de “aparecer” é essencial. Mas o que realmente está sendo proposto para a sociedade? Quais são as verdadeiras mudanças que estão sendo planejadas? Mais do mesmo, com uma maquiagem mais polida?

Nesse cenário, a aliança entre alguns mostra um claro movimento para consolidar uma hegemonia política regional, exemplificando a política como uma “máquina de poder” que vai além das ideologias, unindo interesses pessoais e estratégicos. E, ao fazerem isso, tentam alinhar o futuro político, sem considerar, muitas vezes, as demandas mais profundas da população.

É nesse cenário de articulação e disputa por poder que devemos refletir sobre o tipo de política que queremos para o futuro do Amazonas. A política local está em constante movimento, e esse jogo de poder, que muitas vezes parece se distanciar das necessidades reais da população, só tende a crescer. Mas como podemos permitir que a política se torne uma ferramenta apenas para o crescimento pessoal e para a manutenção do poder, quando o que realmente precisamos são soluções para os problemas do dia a dia?

Com a proximidade das eleições de 2026, o convite é para uma reflexão mais profunda sobre o papel dos nossos líderes. Não basta apenas “jogar o jogo”, fazer alianças ou engajar nas redes sociais. O que precisamos de verdade é de uma política voltada para o bem coletivo, que enfrente os desafios do Amazonas com seriedade e compromisso, sem a arrogância da manipulação e da estratégia vazia.

Hoje, mais do que nunca, precisamos de uma política que seja mais que um jogo de imagem e alianças, e que se transforme em uma verdadeira força de mudança e justiça social para todos os amazonenses.

Um abraço tanto crítico quanto esperançoso, enquanto observamos esse desenrolar político.

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