Pesquisa nos EUA revela caso inédito de paciente com Alzheimer sem perda cognitiva

06/03/2025 as 4:54 pm

Cientistas das universidades de Pittsburgh e da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, descobriram um caso extraordinário de uma mulher com síndrome de Down e Alzheimer que não desenvolveu demência. O estudo, publicado na revista científica Alzheimer’s & Dementia, acompanhou a paciente por dez anos, até sua morte aos 60 anos. Após o falecimento, análises de ressonância magnética de seu cérebro mostraram sinais típicos de Alzheimer, como o acúmulo da proteína beta-amiloide, mas sem as correspondentes perdas cognitivas.

Jr-Jiun Liou, pesquisadora do departamento de bioengenharia da Universidade de Pittsburgh, explicou a relevância dos achados: “Estávamos interessados em tentar estabelecer uma ligação entre neuroimagem e neuropatologia, porque queremos usar informações de conjuntos de dados neuropatológicos para orientar critérios diagnósticos e terapêuticos para indivíduos com síndrome de Down antes de seu falecimento”. Segundo Liou, a estabilidade cognitiva da paciente, apesar da presença de Alzheimer, sugere influências de seu alto nível educacional ou fatores genéticos.

O artigo também aponta a “reserva cognitiva” como uma possível explicação, sugerindo que indivíduos mais educados podem apresentar menor comprometimento cognitivo. A pesquisa levanta ainda a hipótese de uma “reserva cerebral” robusta, que exigiria uma maior carga patológica para manifestar os sintomas clínicos da doença.

Os resultados deste caso único podem contribuir significativamente para o desenvolvimento de novas abordagens diagnósticas e terapêuticas, especialmente em ensaios clínicos que poderiam se beneficiar da inclusão de indivíduos com patologias ocultas de Alzheimer. Elizabeth Head, professora do departamento de Patologia e Medicina Laboratorial da Universidade da Califórnia em Irvine, destacou: “Se conseguirmos identificar as bases genéticas ou os fatores de estilo de vida que permitiram que seu cérebro funcionasse bem apesar da patologia, poderemos descobrir estratégias que beneficiem outras pessoas.”

O estudo avança no entendimento de como alguns indivíduos resistem ao declínio cognitivo, apesar da presença de neuropatologia de Alzheimer, oferecendo novas perspectivas para o tratamento e a compreensão da doença.

Foto: Reprodução / Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association

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