Setor naval da Zona Franca de Manaus cresce 741% em 2025 com impulso do agronegócio

03/04/2025 as 5:56 pm

Balsa do setor naval da ZFM transporta soja em 2025

O setor naval da Zona Franca de Manaus (ZFM) começou 2025 com um salto impressionante: o faturamento em janeiro disparou 741% em relação a dezembro, segundo o Painel Econômico do Amazonas (PEA), levantamento mensal do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM). Comparado a janeiro de 2024, o crescimento foi de 405%, consolidando o segmento como um dos mais dinâmicos da indústria amazonense neste ano. O motor desse avanço é a demanda aquecida do agronegócio do Centro-Oeste, especialmente pela soja, cuja safra recorde de 164,4 milhões de toneladas — alta de 13,4% ante 2024, conforme o IBGE — depende das balsas fabricadas em Manaus para chegar ao mercado europeu.

Luiz Augusto Rocha, presidente do CIEAM, celebra o desempenho. “O polo naval da Zona Franca de Manaus mostra como a indústria amazonense pode responder com agilidade às demandas nacionais, agregando inovação logística, empregos e integração com o agronegócio”, afirma. Cerca de 14 estaleiros, como Bertolini e ERAM, operam no setor, produzindo embarcações que escoam a produção por rios amazônicos até portos como Super Terminais e Chibatão, conectando-se a armadores internacionais como Aliança e CMA-CGM.

Agronegócio e logística fluvial

A explosão do setor naval está atrelada à sazonalidade da safra agrícola, que exige embarcações prontas em janeiro para o transporte da soja e outros grãos. “De um setor periférico, a indústria naval de Manaus tornou-se um elo logístico estratégico, conectando o coração do agronegócio às rotas globais de exportação”, explica André Ricardo Costa, coordenador de Indicadores do CIEAM e autor do estudo. As balsas fabricadas na ZFM — para contêineres, grãos sólidos e líquidos — são adaptadas à navegação interior, especialmente em períodos de seca, como os registrados em 2023 e 2024, que demandaram embarcações de menor calado.

Com mais de 2.700 empregos diretos, o setor também brilha no impacto social. Empresas têm investido na qualificação de mão de obra, contratando trabalhadores sem experiência e matriculando-os em cursos de soldagem naval no SENAI. “É um modelo de inclusão produtiva que gera renda qualificada e enfrenta desafios como a estiagem”, destaca Costa.

Resposta à seca e expansão

A seca histórica dos últimos anos acelerou a encomenda de balsas adaptadas, impulsionando a produção nos estaleiros da ZFM. Esse crescimento reflete a vocação fluvial da Amazônia e o papel estratégico de Manaus na logística nacional. “A necessidade de reforçar a frota para operar em rios com níveis baixos foi um catalisador para o setor”, observa Costa. O resultado é uma retomada industrial robusta, que posiciona o polo naval como protagonista econômico em 2025.

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