Consumidores do Amazonas pagam 5ª tarifa mais cara do Brasil em meio a apagões

05/04/2025 as 12:49 pm

Apagão em Manaus, terceiro em menos de um mês, abril de 2025

Enquanto enfrentam o terceiro apagão em menos de um mês, os moradores de Manaus e região metropolitana lidam com uma conta salgada: a tarifa de energia residencial do Amazonas, de R$ 0,857 por kWh, é a quinta mais cara do Brasil, segundo o ranking de 2024 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O cenário expõe a combinação de infraestrutura precária, furtos na rede elétrica e gestão ineficiente da Amazonas Energia, distribuidora que atende o estado e está sob risco de troca de controle.

Apagões e Tarifas Elevadas

Na noite de quarta-feira (2/4), um novo apagão atingiu Manaus e cidades como Itacoatiara, Parintins, Presidente Figueiredo, Iranduba e Manacapuru, começando às 22h e deixando milhares sem energia. Foi o terceiro incidente do tipo em menos de 30 dias, evidenciando a fragilidade do sistema elétrico local. Apesar disso, os consumidores amazonenses pagam caro pela luz: a tarifa de R$ 0,857/kWh só é superada por Pará (R$ 0,938), Mato Grosso do Sul (R$ 0,870), Rio de Janeiro (R$ 0,870) e Alagoas (R$ 0,863), conforme dados da Aneel.

A última revisão tarifária da Amazonas Energia, em maio de 2024, autorizou um reajuste de 2,89%. Em 2023, porém, o aumento foi bem mais expressivo, chegando a 13,4%, impulsionado pelos altos índices de furtos na rede elétrica, os chamados “gatos”. Esses furtos, classificados pela Aneel como “perdas não técnicas”, elevaram os custos repassados aos consumidores regulares.

Furtos e Custos na Conta de Luz

O Amazonas lidera o ranking nacional de furtos e fraudes na rede elétrica, ao lado do Rio de Janeiro. Em 2023, a Amazonas Energia e a Light (RJ) responderam por 32,8% do total de irregularidades registradas no Brasil. Essas perdas, evitáveis e ligadas a fraudes e problemas de medição, são parcialmente absorvidas pelas tarifas dos consumidores que pagam em dia. A Aneel define critérios de eficiência para o repasse: distribuidoras bem geridas têm mais custos cobertos, enquanto as ineficientes arcam com a diferença.

No caso da Amazonas Energia, a gestão deficitária é um problema crônico. Em novembro de 2023, a Aneel reconheceu sua incapacidade financeira e recomendou a extinção do contrato com o Consórcio Oliveira Energia, atual administrador. Em junho de 2024, uma medida provisória do governo federal abriu caminho para a troca de controle, e a Âmbar Energia, do grupo J&F, formalizou interesse em adquirir a distribuidora no dia 12 de junho.

Impactos Econômicos e Perspectivas

Os apagões frequentes e as tarifas altas pesam no bolso e na economia local. Para famílias e pequenos negócios, a energia cara reduz o poder de compra e aumenta os custos operacionais, enquanto as falhas no fornecimento afetam a produtividade. A possível venda da Amazonas Energia à Âmbar pode trazer investimentos e melhorias, mas especialistas alertam que a transição não resolverá os problemas de curto prazo, como os furtos e a infraestrutura envelhecida.

Enquanto estados como Santa Catarina (R$ 0,618/kWh) e Paraná (R$ 0,629/kWh) pagam bem menos, o Amazonas segue penalizado por um sistema que combina ineficiência e vulnerabilidade. A solução, dizem analistas, passa por modernização da rede, combate rigoroso às fraudes e uma gestão mais eficaz – desafios que o novo controlador terá de enfrentar para aliviar o custo e a instabilidade que afetam os amazonenses.

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