Fachin alerta para crise de “macrocriminalidade” na Amazônia e pede ação global

08/04/2025 as 8:45 am

Ministro Fachin discursa sobre macrocriminalidade na Amazônia

Em discurso na Conferência de Alto Nível da ONU sobre Segurança Humana e Justiça Climática, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin classificou o combate à macrocriminalidade na Amazônia como um “desafio global” e defendeu uma resposta coletiva entre Estados e sociedade civil. O evento, realizado em Belém, reuniu especialistas e autoridades para debater os impactos da criminalidade organizada na região, que avança sobre territórios, corrompe instituições e ameaça o equilíbrio climático.

Crime organizado como “empresa transnacional”
Fachin destacou que a macrocriminalidade na Amazônia vai além de delitos isolados, operando como um sistema complexo que envolve tráfico de drogas, grilagem, exploração ilegal de madeira, contrabando de armas e até tráfico de pessoas. “São organizações que se adaptam às leis de mercado, geram lucros astronômicos e corrompem estruturas públicas e privadas”, afirmou, citando o criminologista Roberto Lira Filho, pioneiro no estudo do conceito nos anos 1960.

O ministro ressaltou que essas redes mantêm conluio com agentes do Estado, perpetuando um ciclo de impunidade. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mencionados por ele, revelam a fragilidade das forças de segurança na região: estados amazônicos sofrem com falta de policiais, bombeiros e infraestrutura, o que facilita a ação de grupos criminosos em áreas rurais e florestais.

Três eixos de destruição: social, econômico e ambiental
Em sua análise, Fachin apontou que a macrocriminalidade aprofunda desigualdades, destrói economias locais e acelera a devastação ambiental. “As populações mais vulneráveis são as principais vítimas, enquanto o crime organizado lucra com a exploração predatória”, disse. Ele citou o avanço da violência em zonas rurais – com aumento de homicídios ligados a conflitos fundiários e tráfico de drogas – e alertou para o risco de a Amazônia se tornar um “território de lei sem lei”.

No plano econômico, o ministro destacou o prejuízo aos cofres públicos devido à sonegação e à redução de investimentos legais. Já no aspecto ambiental, denunciou que o desmatamento ilegal e o tráfico de animais silvestres “enfraquecem a biodiversidade e a fiscalização, com cumplicidade de agentes públicos”.

Chamado à ação internacional
Fachin encerrou seu discurso com um apelo por cooperação global: “A Amazônia não é apenas patrimônio do Brasil, mas um bem essencial para o planeta. Combater sua destruição exige união entre nações, sociedade civil e instituições”. A fala ecoou preocupações de ambientalistas e autoridades presentes, que pressionam por medidas concretas contra o financiamento internacional do crime organizado na região.

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