Xadrez político no Amazonas: as peças se movem

13/04/2025 as 2:18 pm

Caros leitores,

Com as urnas de 2026 espreitando no parabrisa, o tabuleiro político do Amazonas vai ganhando contornos dignos de um jogo de xadrez, onde cada peça parece querer ocupar o lugar do rei. Em meio a sorrisos públicos e punhais metafóricos nos bastidores, o governador e o prefeito — que estiveram em campos opostos na pista de dança política de 2024 — agora ensaiam um passo sincronizado. Mas não se enganem: essa valsa tem muito mais de cálculo do que de afeto.

Prova disso é a recente movimentação do governador, que acenou para uma possível reaproximação com o prefeito durante um podcast local.

O governador, com um olho no Senado e o outro na própria biografia, sabe que sem um bom par é difícil brilhar no salão. Daí o charme repentino em direção ao prefeito — uma figura que, goste-se ou não, movimenta peças estratégicas no jogo. A lógica é simples: juntos, podem unir as engrenagens estadual e municipal, formando um trator político com tração nas quatro rodas — e combustível suficiente para atropelar adversários e desavisados.

Mas eis que entra o vice-governador. Ah, o vice! Aquele personagem que muitos esquecem… até que o titular decida alçar novos voos. Fiel ao prefeito, ele pode — e provavelmente deve — herdar o comando do Estado no meio do caminho, o que transforma o tabuleiro em um jogo de nervos. Se o governador romper com o prefeito, corre o risco de entregar o governo a alguém que, digamos, não estará exatamente torcendo por sua vitória ao Senado.

A aliança, portanto, não é fruto de afinidade política, mas de pura sobrevivência. E como nos ensinou Maquiavel — aquele consultor não oficial de 10 entre 10 gabinetes —, governar é, antes de tudo, manter aliados por perto e inimigos… ainda mais próximos. No caso do Amazonas, esse manual do poder está sendo seguido à risca. Com uma diferença: os bastidores, antes bem guardados, hoje vazam como caixa d’água furada em bairro sem saneamento.

Se o alinhamento for mantido, teremos um combo político respeitável — prefeito, governador e vice na mesma sintonia, desfilando unidade. Mas, se a relação azedar (e a política amazonense tem mais casos de rompimento do que qualquer cartório de divórcio), o governador pode acabar isolado, sem o abraço da prefeitura e com o vice sentado na cadeira de comando, distribuindo canetas e simpatias em outra direção.

O curioso — e trágico — é que, no meio desse jogo de xadrez, está o eleitor.

Um abraço elegante, crítico e, como sempre, ligeiramente ácido — porque, se a política é um espetáculo, convém não sermos apenas plateia.

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