Lessa aponta Brazão como mandante no caso Marielle, segundo The Intercept Brasil

23/01/2024 as 3:59 pm

Em uma reviravolta no caso que chocou o Brasil em 2018, novas informações emergiram sobre o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e de seu motorista, Anderson Gomes. Segundo uma delação premiada apresentada à Polícia Federal pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o executor dos disparos, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, é apontado como um dos mandantes do crime. Esta informação foi divulgada pelo site The Intercept Brasil.

A delação de Lessa está sendo processada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), indicando que Brazão, supostamente envolvido no crime, possui foro especial por prerrogativa de função. Este foro privilegiado, concedido a autoridades em cargos públicos, implica que qualquer investigação, processo ou julgamento contra eles deve ser realizado por um órgão judicial específico, não sendo o mesmo processo aplicado à população em geral.

Domingos Brazão já enfrenta uma ação penal no STJ por crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Em novembro de 2023, foi relatado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, que Brazão tentava anular no Supremo Tribunal Federal (STF) provas obtidas durante as investigações contra ele.

O The Intercept Brasil destaca a possível motivação para o crime. Brazão teria ordenado o atentado contra Marielle Franco como uma forma de vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo PSol e atual presidente da Embratur, com quem Marielle trabalhou por uma década. Brazão e Freixo tiveram disputas sérias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e Brazão foi citado no relatório final da CPI das Milícias em 2008, presidida por Freixo.

O advogado de Brazão, Márcio Palma, foi procurado pelo The Intercept Brasil. Ele afirmou desconhecer as novas acusações e ressaltou que seu cliente não teve acesso aos autos do processo, sob a justificativa de que não estava sendo investigado. Brazão, em entrevistas anteriores, sempre negou qualquer envolvimento no crime.

Ronnie Lessa foi preso em março de 2019 e atualmente cumpre pena no presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Lessa é responsabilizado pela ocultação das armas usadas no crime. Élcio de Queiroz, também ex-policial militar preso por participação no assassinato, incriminou Brazão em julho do ano anterior.

O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, centro do Rio de Janeiro, continua a ser um caso que desperta profundo interesse e consternação nacional. Com estas novas revelações, aguarda-se mais desenvolvimentos nas investigações que buscam esclarecer completamente este crime que abalou o país.

Foto: Reprodução

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