Anvisa aprova injeção inovadora para prevenir HIV

11/06/2023 as 8:11 am

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro ao Cabotegravir, uma injeção aplicada a cada dois meses para prevenir a infecção pelo HIV. Desenvolvido pela farmacêutica GSK e comercializado como Apretude, o medicamento atua como uma profilaxia pré-exposição (PrEP). No Brasil, a PrEP está disponível desde 2017 por meio de comprimidos diários.

A terapia com Cabotegravir destina-se a grupos de maior risco de exposição ao HIV, como homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e pessoas em relacionamentos sorodiscordantes. Os comprimidos diários atualmente oferecem mais de 90% de proteção contra a infecção pelo vírus.

No entanto, muitas pessoas têm dificuldade em manter a adesão a longo prazo devido à necessidade de tomar comprimidos diariamente. Para resolver esse problema, pesquisadores desenvolveram fármacos de longa duração, como injeções, que podem ser administradas em intervalos maiores.

O Cabotegravir é um desses avanços e foi indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma opção mais eficaz para a PrEP. Estudos clínicos demonstraram que a injeção apresenta uma eficácia 69% maior do que os comprimidos diários. O esquema de aplicação envolve duas doses mensais no início e, posteriormente, uma a cada dois meses.

Embora o registro tenha sido concedido pela Anvisa, ainda é necessário que o Ministério da Saúde avalie a incorporação do Cabotegravir na PrEP oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já anunciou um projeto piloto com a PrEP injetável, mas não há previsão para a disponibilidade do medicamento na rede privada.

O avanço das formas de prevenção é crucial em um momento em que o Brasil enfrenta um aumento no número de novas infecções por HIV. Entre 2011 e 2021, o país registrou um aumento de 198% nos diagnósticos. No entanto, graças à terapia antirretroviral, os casos de AIDS caíram 18,5% no mesmo período.

É importante destacar que a PrEP injetável não é considerada uma vacina. Ao contrário das vacinas, que induzem uma resposta imunológica duradoura, a PrEP funciona mantendo o medicamento antiviral em circulação no organismo. A proteção é garantida desde que a pessoa receba o medicamento de forma contínua, sem interrupções.

A aprovação do Cabotegravir representa um avanço significativo no combate à infecção pelo HIV, oferecendo uma opção de prevenção mais acessível e conveniente para os indivíduos de alto risco. A expectativa é de que a injeção de longa duração contribua para reduzir as taxas de infecção e melhorar a adesão à terapia PrEP no Brasil.

Foto: Divulgação

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