A Páscoa – que em hebraico significa passagem – celebra a saída do povo hebreu da escravidão para a liberdade no Egito. Para os cristãos Jesus dá um novo sentido à antiga Páscoa dos judeus, é a passagem da morte para a vida, quando Ele ressuscitará dos mortos no terceiro dia. Não à toa escrevo isso no período da Páscoa porque cabe uma reflexão: A Páscoa que vivemos nos dias atuais está bem distante do Evangelho de Cristo.
No ocidente, como um todo, vivenciamos um distanciamento de Cristo, o esvaziamento da fé, o abandono das tradições e o escárnio ao cristianismo. E entenda quando eu falo “o escárnio ao cristianismo” quero dizer em todos os sentidos.
Ao ponto deste escárnio e perseguição à Igreja Cristã por parte do progressismo ter se tornado uma das pautas do momento. Exemplos não faltam. Desde vereador invadindo Igreja, até a sistematização na abordagem e no método, ora artistas subvertendo a imagem de Cristo, ora movimentos, ditos sociais, com postagens de duplo sentido dando margem a interpretações sobre a persona de Jesus Cristo como um bandido.
Mas, o que que a perseguição à Igreja tem a ver com o momento “Páscoa”? Ora, Jesus traz o seu Evangelho que é a Boa Nova. A Igreja vive do Evangelho e se a Igreja é perseguida em outras instâncias pode-se dizer que é uma perseguição ao Cristo.
Mas, essa perseguição já tinha sido vista e sentida por Jesus no Evangelho. Até nas mensagens e nos Segredos de Fátima onde roga ao Ocidente que se converta, caso contrário: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”.
A falta de um Deus para crer e de uma Instituição que religue os homens a este Deus cria um vazio, este vazio vai crescer e tomar conta da sociedade. Segundo Dostoiévski no romance Os irmãos Karamazovi “Se deus não existe, então tudo é permitido” e é o que temos vivenciado. Agora pense bem se o homem não crê em Deus, não segue o Evangelho de Cristo, não pratica o que está escrito na Bíblia e não tem fé, pergunto: O que ele vai seguir? Em quem ele vai se sustentar? O que vai ver e sentir quando fizer uma análise pessoal e olhar para dentro de si e de sua alma?
Vai ser um grande vazio porque não é pleno de Espírito Santo. Vai viver de niilismo porque não crê em nada. Vai ser antes de qualquer coisa utilitarista porque só vai se preocupar com o seu prazer. O perfeito homem vazio de T. S. Eliot “Os homens empalhados. Uns nos outros amparados. O elmo cheio de nada”.
Porém, o Evangelho existe e ele serve para nos manter agarrados à fé e entender tudo isso e entender momentos como este, portanto sigamos com ele: (Mt 5, 13-16) “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos, que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.
Uma boa Páscoa para todos.
Paulo Albuquerque – Formado em Tecnologia Florestal, instrutor de informática e conectado em Literatura, Sci-Fi e Cultura Pop.
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