A Ditadura do Grupo de Mães no WhatsApp

26/04/2024 as 10:39 am

Muitas vezes, somos bombardeadas com imagens e relatos de mães que parecem estar sempre no controle, participando ativamente da vida escolar dos filhos e ainda mantendo tudo aparentemente perfeito.

No entanto, nem sempre é possível estar presente em todas as atividades ou corresponder a certos padrões idealizados.

Com 5 (cinco) adolescentes em casa, diariamente, faço um esforço descomunal pra me manter segura em minhas convicções sobre como devo criá-los, gerenciar nossa relação, apoiá-los em seus sonhos e fazer um pouco pela manutenção do propósito da mãe que sempre me propus a ser sem me sentir julgada pelas “fiscais de maternidade” de plantão.

A rivalidade materna é um tema delicado, mas real. Muitas vezes, as mães podem se sentir pressionadas a competir umas com as outras, seja em relação às conquistas dos filhos, à maneira como educam ou até mesmo em questões mais pessoais. É importante lembrar que cada família tem sua própria realidade e que não existe uma fórmula única para a maternidade. O apoio mútuo e a empatia são fundamentais para construir relações saudáveis entre as mães, independentemente das diferenças.

Tem alguns temas na maternidade atual que mexem definitivamente com minha auto confiança materna! Um dos mais engraçados é o de não fazer parte da “gang das mães das lancheiras”!

A “gang das mães das lancheiras” é uma expressão divertida que reflete a pressão e a competição muitas vezes associadas à preparação dos lanches escolares. Algumas mães se sentem compelidas a criar lanches elaborados e visualmente atraentes, talvez para impressionar outras mães ou para garantir que seus filhos tenham o melhor. No entanto, é importante lembrar que a nutrição e a praticidade também são aspectos essenciais na hora de preparar os lanches das crianças.

Encontrar um equilíbrio saudável entre oferecer opções nutritivas e respeitar as próprias limitações de tempo e recursos pode ser um desafio, mas é fundamental para garantir que as refeições escolares sejam adequadas e satisfatórias.

Outra grande dificuldade é sobreviver e se divertir no novo conceito das festas infantis!
Os pais da minha geração foram crianças e adolescentes nos anos 80 e 90, tenho como referência de festa todo tipo de excesso.

Um novo conceito de festas infantis têm ganhado destaque nos últimos anos, refletindo uma mudança nas percepções e valores sociais. Essas festas geralmente buscam promover inclusão, respeito à diversidade e sustentabilidade, evitando estereótipos e práticas que possam ser consideradas ofensivas ou excludentes.

Por outro lado, as festas infantis dos anos 80 muitas vezes refletiam os padrões culturais da época, com temas e atividades que hoje seriam vistos como questionáveis em termos de representatividade e sensibilidade.

É interessante observar essa evolução e refletir sobre como as mudanças sociais influenciam até mesmo as celebrações infantis.

De um lado as mudanças invadem o íntimo materno e nos obrigam a evoluir, mas por outro, alguns pontos parecem estagnados!

Acho que poucos têm ideia do que representa ser a mãe de uma criança levada ou que tem baixo desempenho escolar e o mais delicado: a mãe do aluno neurodivergente!
Compreendo que justificar diariamente a necessidade de inclusão na rotina escolar pode ser exaustivo e desgastante. Infelizmente, muitas vezes as escolas e outros pais podem não compreender completamente as necessidades específicas de uma criança neurodivergente, o que pode resultar em um fardo adicional para os pais.

É crucial que as escolas se esforcem para criar ambientes inclusivos e adaptados para atender às necessidades de todas as crianças, independentemente de suas diferenças. A educação sobre neurodiversidade e a promoção de práticas inclusivas são fundamentais para garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de prosperar em um ambiente educacional adequado, mas as mães dos demais alunos pouco fazem para incluir e acolher as mães que têm filhos que fogem ao esperado e determinados grupos de mães vêm servindo para julgar, cobrar, expor e sentenciar essas outras mães como ineficientes! Eles não estão sob o controle pedagógico da escola. É um espaço dominado por mulheres que deveriam somar e subtraem!

Com certeza, a maternidade é uma jornada repleta de desafios, mas também é um caminho repleto de amor e crescimento. Levar a maternidade com leveza e amor pode fazer toda a diferença, tanto para o bem-estar da mãe quanto para o desenvolvimento saudável dos filhos.

É importante lembrar que não existe uma fórmula única para ser uma boa mãe, e cada jornada é única. Acolher os momentos difíceis com compaixão, buscar apoio quando necessário e cultivar momentos de alegria e leveza podem contribuir significativamente para o equilíbrio emocional e a conexão com os filhos.

Assim, se você é mãe, participa desses grupos, aproveite para interagir positivamente e declare todo seu amor aos seus filhos e aos filhos de outras mães “cuidando de quem cuida”. Não usemos o espaço digital para fomentar sentimentos negativos entre outras mulheres e ódio gratuito contra as crianças e adolescentes. Um grande viva às mães que amam ser mães!

Luiza Simonetti, advogada militante e ativista dos direitos das crianças e adolescentes, presidente da Comissão de Direito de Familia e Adoção da OAB-AM, Mãe do Enzo, do Theo e da Eliza, madrasta apaixonada pela Manu e Bernardo.

Instagram: @luiza.simonetti.adv

Foto: istockphoto

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