Num mundo onde as guerras são travadas tanto no campo de batalha quanto nos corredores do poder econômico, é essencial entender o custo obscuro nas camadas inferiores que mantêm estes conflitos. De Kiev a Jerusalém, as lutas geopolíticas moldam o destino de nações inteiras, enquanto os números nos bastidores revelam uma realidade sombria.
A disputa entre Rússia e Ucrânia é um exemplo vivo do preço da agressão. Recentemente o Kremlin elevou em 68% o orçamento da Defesa para 2024, que vai alcançar US$ 112 bilhões. Do outro lado da fronteira o líder ucraniano Volodymyr Zelenskyy, com seu exército combalido e quase colapsado, teve suas preces atendidas e o Senado americano aprovou um pacote de ajuda no valor de U$ 61 bilhões, lembrando que esse valor não é somente em dinheiro, mas também em armas e que depois a Ucrânia terá que pagar. Então a Ucrânia está apostando tudo sem saber se vai conseguir conter o avanço russo e possivelmente quando tudo isto terminar os EUA vão entrar na Ucrânia e levar todo espólio.
No Oriente Médio a guerra entre Israel x Hamas conta com uma escalada e a entrada de outros players. No dia 13 de abril o Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel, em um ataque sem precedentes. O Brigadeiro General Ram Aminach, ex-conselheiro financeiro do chefe de gabinete israelense afirmou que: “O custo da defesa na noite passada com o uso do Iron Dome foi estimado entre 4 e 5 bilhões de shekels (1,08 a 1,35 bilhão de dólares).” Ou seja o Irã deve ter gasto bilhões de dólares para levantar seus brinquedinhos e fazer seu ataque de saturação, por um outro lado para se defender Israel também gastou cifras altíssimas e, pasmem, isso tudo em um evento que durou em torno de 5 horas.
O negócio de armas rende cada vez mais. A Global Alliance for Banking on Values cita que: quase 1 trilhão de dólares (959) foi usado em dois anos por instituições financeiras globais para apoiar a produção e o comércio de armas em 2023. Potências como os EUA, França, Rússia, China e Alemanha obtêm um lucro altíssimo com a venda de armas, alimentando um ciclo vicioso de lucro e violência. O comércio de armas é uma mina de ouro para os grandes players, onde a demanda por poder militar supera qualquer consideração ética ou humanitária. Entretanto descortinando todos esses conflitos podemos perceber o interesse e o lobby da indústria armamentista mundial que está em franca expansão jogando para debaixo do tapete a causa humanitária.
Enquanto as potências mundiais competem pelo domínio militar, é fácil esquecer o verdadeiro custo humano por trás desses números. Cada bomba lançada, cada tanque deslocado, cada peça mexida no tabuleiro da geopolítica e da guerra acarreta uma perda humana e uma devastação estrutural incalculável.
Sabemos que coerência é palavra vã na mente dos tomadores de decisão que comandam os países, mas é impossível não se questionar: E se todo esse dinheiro fosse utilizado de maneira construtiva?
Paulo Albuquerque – Formado em Tecnologia Florestal, instrutor de informática e conectado em Literatura, Sci-Fi e Cultura Pop.
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