Número de mortos em seita de jejum no Quênia ultrapassa 300

18/06/2023 as 12:14 pm

No sul do Quênia, o número de mortos em uma seita cristã que praticava jejum extremo em busca de “encontrar Jesus Cristo” subiu para 336, conforme informou a polícia local após a exumação de mais dez corpos. O trabalho de autópsia está em andamento na floresta Shakahola, onde os corpos foram encontrados.

De acordo com o comissário da polícia regional da Costa do Quênia, Rhoda Onyancha, 19 corpos foram identificados por parentes, enquanto 613 pessoas ainda estão desaparecidas. Além disso, 95 indivíduos foram resgatados com vida até o momento, e 36 suspeitos foram presos em conexão com o “massacre de Shakahola”. Foram coletadas 93 amostras de DNA de familiares para auxiliar na identificação das vítimas.

O líder da seita, o pastor Paul Mackenzie, compareceu ao tribunal de Shanzu, juntamente com sua esposa e outros 28 suspeitos. A pedido do Ministério Público, o juiz Yusuf Shikanda determinou a transferência dos detidos para a prisão na cidade litorânea de Malindi, devido à visível fraqueza de alguns suspeitos que estavam em greve de fome sob custódia policial.

Aqueles que ainda não interromperam o jejum são Mackenzie e um de seus assistentes. No último dia 12, 65 vítimas resgatadas da floresta foram levadas ao tribunal em Shanzu por supostamente tentarem suicídio ao se recusarem a comer em um centro de resgate. O Ministério Público solicitou a custódia dessas vítimas, já que o centro não tem capacidade para mantê-las.

A maioria dos corpos do “massacre de Shakahola” foi exumada de túmulos e valas comuns na floresta. Autópsias realizadas em mais de cem corpos revelaram sinais de fome, mas também traços de estrangulamento e asfixia em pelo menos três menores e um adulto.

As investigações iniciais sugerem que os fiéis foram coagidos a continuar o jejum, mesmo que quisessem abandoná-lo. Em 14 de maio, o presidente do Quênia, William Ruto, pediu desculpas em nome do governo por não ter conseguido evitar as mortes. Mackenzie, ex-motorista de táxi, foi preso em março após ser acusado da morte de duas crianças em circunstâncias semelhantes, mas acabou sendo liberado sob fiança.

Foto: Reprodução / Citizen TV

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