A Manipulação da Fé em Tempos Eleitorais

20/10/2024 as 9:00 am

Caros leitores,

Recentemente, assisti a um debate acalorado sobre a intersecção entre religião e política! Isso me fez pensar na utilização de eventos religiosos como palanques eleitorais. Esse cenário alarmante levanta uma cortina sobre a manipulação da fé como ferramenta para angariar votos, obrigando-nos a questionar a santidade de espaços que deveriam ser reservados para a espiritualidade, não para a conquista de poder.

Platão já dizia que a política deveria ser um reino de virtude e justiça, dominado pelo bem comum. No entanto, quando líderes religiosos se prestam ao papel de marionetes políticas, distorcem-se os próprios alicerces da política como serviço à coletividade. Espaços de fé se transformam em arenas de batalha eleitoral, comprometendo a integridade das nossas instituições e dos nossos espíritos.

A legislação brasileira tenta manter essa linha claramente traçada, proibindo o uso de bens comuns para promoções eleitorais e protegendo a laicidade do Estado. Mas, quando os templos são convertidos em comícios, viola-se não só a lei, mas também o propósito sagrado desses lugares, que é promover reflexão e paz espiritual, não cálculos políticos.

A dança milenar entre religião e política é complexa e, frequentemente, perigosa. Antropólogos e sociólogos alertam para os perigos de quando essas duas esferas se entrelaçam de modo inapropriado. A política transformada em um “vale-tudo”, repleta de táticas ilícitas e imorais, é um espetáculo que deveria nos preocupar profundamente, chamando-nos à reflexão sobre os valores essenciais da nossa democracia e a capacidade dos cidadãos de fazerem escolhas livres e conscientes.

Neste momento de introspecção, convido todos a refletirem sobre o papel que a fé deve ocupar em nossas vidas e na sociedade. A política, sem dúvida, deve espelhar nossos valores mais elevados, mas nunca deve servir para manipulá-los. Precisamos de líderes que se dediquem à ética, à justiça e ao bem comum, não de estratégias que desfigurem o que deveria ser um refúgio de fé e esperança.

Um abraço crítico, mas carregado de esperança.

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