Confiança do Empresário desaba e setor enfrenta desafios

29/06/2023 as 8:13 am

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou uma queda de 0,6% em junho, atingindo 106,4 pontos, desconsiderando os efeitos sazonais. A pesquisa mensal, conduzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgou os resultados nesta quarta-feira (28).

Pelo segundo mês consecutivo, o otimismo dos varejistas apresentou declínio, levando o Icec ao menor patamar desde junho de 2021. O indicador mantém a tendência de queda observada nos últimos dois meses.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, a confiança registrou uma redução de 13,1%, representando a maior queda nessa comparação desde abril de 2021, quando o recuo foi de 20,7%. De acordo com a CNC, o destaque do mês foi a percepção desfavorável da situação vigente. Há três meses, o índice de condições atuais entrou na zona negativa, com quedas acentuadas na avaliação dos varejistas sobre o desempenho da economia e do comércio. A maioria dos comerciantes, 61,2%, afirma que as vendas no comércio pioraram, sendo essa proporção a mais alta desde junho de 2021.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, ressaltou em nota que o resultado do Icec de junho reflete a cautela dos empresários do comércio em relação à situação econômica atual do país, que afeta diretamente o consumo das famílias. Segundo ele, a queda na confiança é um sinal de alerta, uma vez que o setor enfrenta altas taxas de juros e dificuldades de acesso ao crédito e pagamento de dívidas.

Apesar de os consumidores indicarem uma maior intenção de compra, conforme apontado pela pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) também conduzida pela CNC, o elevado nível de endividamento, a inadimplência e o crédito caro e restrito limitam a capacidade de consumo.

Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, destacou que, embora os consumidores estejam mais otimistas com maior segurança no emprego e melhora da renda disponível devido à inflação mais baixa, esse otimismo não se traduz em um aumento geral e sustentado das vendas no varejo. Isso tem refletido na redução da confiança por parte dos varejistas.

Outro índice que revela o pessimismo dos empresários é o de expectativas para o desempenho do comércio, que registrou uma queda de 10,1% entre junho de 2022 e 2023. A economista explica que dois em cada dez comerciantes acreditam que as vendas no setor devem piorar no curto prazo, mesmo com a dinâmica mais favorável da inflação nos últimos meses. A manutenção das altas taxas de juros tem levado os comerciantes a reavaliarem as projeções para as vendas deste ano.

O cenário desafiador apresentado pelo Icec indica a necessidade de atenção por parte do setor comercial, que busca formas de estimular o consumo em meio a um ambiente econômico instável.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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