Brasil assume presidência do Brics com foco em cooperação global e desafios comerciais

02/01/2025 as 2:59 pm

Na última quarta-feira (1º), o Brasil assumiu pela quarta vez a presidência rotativa do Brics, um bloco econômico e político que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora ampliado com a inclusão de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. A presidência brasileira sucede à da Rússia, que liderou o grupo em 2024.

Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, o governo brasileiro delineou dois eixos principais de atuação: a cooperação do “Sul Global” e a reforma da governança global. Este mandato presidencial chega em um momento de transição diplomática para o Brasil, que também presidiu recentemente o G20, e agora enfrenta o desafio de lidar com as relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos, sob a ameaça de um aumento significativo de tarifas pelo presidente eleito Donald Trump.

Um dos principais desafios para a presidência brasileira será a integração dos novos membros do Brics. Neste início de 2025, nove países foram confirmados como novos membros pelo governo russo: Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Além desses, outros quatro países – Nigéria, Turquia, Argélia e Indonésia – estão na lista de convidados para participar do bloco, totalizando 13 nações convidadas desde a última cúpula em Kazan, Rússia, em outubro de 2024.

A expansão do Brics introduz a categoria de “parceiros”, uma novidade que permite a participação em reuniões e encontros, sem, no entanto, conferir poder de voto ou veto, já que as decisões do grupo são tomadas por consenso. A assessoria do Itamaraty ainda não confirmou se esses novos membros ingressarão como efetivos ou parceiros, o que pode afetar a dinâmica interna do grupo.

A agenda brasileira também inclui a continuidade no desenvolvimento de um sistema de pagamento alternativo que substitua o uso do dólar nas transações comerciais entre os países membros, uma iniciativa que pode ganhar impulso com o crescimento do bloco, mas que também coloca o Brasil em uma posição delicada diante das possíveis retaliações comerciais dos EUA.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

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