Seca no Amazonas elevou os preços em Manaus a quatro vezes acima da média nacional

29/01/2025 as 2:01 pm

Em 2024, Manaus enfrentou uma inflação sem precedentes nos preços dos alimentos, devido a uma seca histórica que atingiu o Amazonas pelo segundo ano consecutivo. Dados recentes da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) em parceria com a Neogrid, encomendados pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontam um aumento de 27,7% no custo da cesta básica entre outubro de 2023 e outubro de 2024. Esse índice é quase quatro vezes superior à média nacional de inflação de alimentos no domicílio, que foi de 7,28% no mesmo período.

Esse aumento colocou a capital amazonense no topo do ranking de inflação de alimentos entre oito grandes capitais do Brasil, superando São Paulo, com 22,9%, Salvador, com 19,8%, e Brasília, com 19,5%, que também registraram elevações.

Apesar da inflação acentuada, Manaus ainda ocupa a quarta posição em termos de custo médio da cesta básica, que atingiu R$ 814,28 em outubro de 2024, sendo superada apenas pelo Rio de Janeiro, com uma cesta no valor de R$ 1.009,11.

O principal fator para o aumento dos preços é a crise logística gerada pela seca prolongada. A drástica redução no nível dos rios afetou negativamente o transporte fluvial, essencial para o abastecimento da região. Como consequência, a maior parte dos alimentos que chegam à cidade é proveniente de outras áreas do país, cujo transporte foi dificultado pelas condições dos rios. A “taxa de pouca água”, cobrada pelas transportadoras, aumentou os custos logísticos em 18%, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus, refletindo diretamente nos preços ao consumidor.

Além da crise no transporte, a produção agrícola local, já limitada, foi severamente comprometida, o que reduziu ainda mais a disponibilidade de alimentos produzidos no estado.

A situação resultou em uma mudança no comportamento de compra dos consumidores. Embora tenha ocorrido um aumento de 3,5% no faturamento dos supermercados entre janeiro e outubro de 2024, o volume de produtos vendidos caiu 7%. Esse fenômeno indica que as famílias estão gastando mais por menos itens, evidenciando o impacto direto dos preços elevados na capacidade de consumo.

Foto: Agência Brasil/EBC

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