Entre palavras e atos: a grande dissonância da política

09/03/2025 as 2:48 pm

Ah, a política! Esse grande teatro onde a arte do discurso é tão apreciada quanto as peças de Shakespeare. E como bons atores, nossos políticos são mestres em vestir a máscara do “bom moço” — esses modelos imaculados de virtude que prometem mundos e fundos com a astúcia de uma serpente. Mas, por trás das cortinas, a história é outra, e a diferença entre o que dizem e o que fazem é mais gritante que um falsete em coral de igreja.

Não é de hoje que esse abismo entre palavras e ações se estende como uma vasta planície na política brasileira, e mundial, diga-se de passagem. No palco, são pais exemplares, cidadãos irrepreensíveis e tão dedicados à família quanto um noviço ao seu rosário. Mas apague-se a luz e o espetáculo é outro — entre os atos, os valores tão exaltados evaporam mais rápido que álcool em dia de sol.

Sócrates, o filósofo, nos ensinou que deveríamos julgar o homem pelas suas ações, não pelas palavras. Mas parece que muitos dos nossos líderes políticos tiraram férias durante essa aula de ética, preferindo uma retórica que os mantém flutuando no mar de votos. É um espetáculo de “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

Historicamente, essa marionete entre ser e parecer não é novidade. Desde os tempos dos faraós, líderes usam a imagem pública como escudo e espada — o santo do pau oco que, nos bastidores, opera a máquina de interesses pessoais com a destreza de um malabarista.

No mundo ideal, a política deveria ser um espaço onde palavras e ações dançam a mesma música, sem pisar nos pés um do outro. Mas, pelo visto, muitos de nossos políticos têm ritmo de dois esquerdos.

A verdade é que não podemos mais nos dar ao luxo de sermos uma plateia passiva nesse teatro de marionetes. A política, mais do que nunca, precisa ser reinventada como um espaço de transparência e ações concretas, onde os discursos encantadores são apenas o aperitivo de um banquete de realizações.

Portanto, enquanto seguimos esperançosos, fiquemos também vigilantes. Afinal, se o discurso é o prato principal, que as ações sejam a sobremesa — e que seja doce, não amarga.

Um abraço, sempre com um toque de ironia e uma pitada de humor ácido, enquanto assistimos a esse balé político onde, esperamos, a música da verdade eventualmente prevaleça.

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