China bloqueia novas entregas da Boeing em resposta a tarifas dos EUA

15/04/2025 as 2:33 pm

Pequim determinou a suspensão das novas entregas de aeronaves da Boeing para companhias aéreas chinesas, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (15) pela agência Bloomberg. A medida teria sido adotada em resposta direta às tarifas de até 145% recentemente impostas pelos Estados Unidos sobre produtos originários da China.

De acordo com a Bloomberg, que ouviu fontes com conhecimento do assunto, o governo chinês orientou empresas do setor aéreo a interromperem tanto a aquisição de aviões quanto a compra de peças e equipamentos aeronáuticos fabricados nos EUA. A decisão, contudo, ainda não foi formalmente confirmada por autoridades chinesas ou pela própria Boeing.

A possível restrição pode afetar diretamente companhias como Air China, China Eastern e China Southern, que planejavam receber, juntas, cerca de 180 aeronaves da fabricante americana até 2027. Além disso, o bloqueio tende a elevar os custos operacionais das empresas, já que pode comprometer a manutenção das frotas atualmente em operação.

Diante do impasse, o governo chinês estaria avaliando alternativas para compensar financeiramente as companhias aéreas nacionais. O episódio aprofunda a tensão comercial entre as duas maiores economias do planeta, agravada após a decisão da Casa Branca de aumentar tarifas sobre produtos chineses em setores estratégicos, como veículos elétricos, semicondutores e baterias.

Com o avanço das restrições, a Airbus e a estatal chinesa Comac devem ampliar sua participação no mercado local. A fabricante europeia, que já possui presença consolidada na China, viu suas ações subirem 1% nesta terça-feira, enquanto os papéis da Boeing recuaram 3% no pré-mercado.

A Boeing, por sua vez, enfrenta um momento delicado desde o início do ano, quando um de seus jatos sofreu a explosão de uma porta durante o voo, fato que abalou a confiança do mercado e provocou queda no valor das ações. A empresa também foi impactada por atrasos e paralisações decorrentes de greves ao longo de 2024.

Especialistas alertam que a escalada comercial pode comprometer o comércio bilateral, que movimentou mais de US$ 650 bilhões neste ano. A aviação civil, por depender de cadeias globais de produção, é apontada como um dos setores mais vulneráveis diante desse cenário de incertezas.

Foto: Reprodução/Boeing

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