Bruno Henrique, do Flamengo, é indiciado pela PF por suspeita de manipulação no Brasileirão

16/04/2025 as 7:45 pm

A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, pelos crimes de estelionato e fraude em competição esportiva. A investigação apura uma suposta manipulação de resultado no Campeonato Brasileiro de 2023, em que o jogador teria forçado um cartão amarelo para beneficiar apostadores. O indiciamento ocorreu no âmbito da Operação Spot-Fixing, deflagrada em novembro de 2024, com ações realizadas em diversos estados.

Segundo informações do portal Metrópoles, a PF teve acesso a 3.989 mensagens de WhatsApp trocadas por Bruno Henrique, algumas delas apagadas — o que, de acordo com os investigadores, sugere tentativa de ocultação de provas. Conversas encontradas no celular de seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, também apreendido, reforçaram as suspeitas de envolvimento direto do jogador.

A investigação identificou dois núcleos de atuação: o primeiro, composto por Bruno Henrique, seu irmão, uma cunhada e uma prima; o segundo, por seis apostadores ligados a Wander. A PF afirma que o atleta ligou para o irmão na véspera da partida para confirmar que receberia o cartão amarelo.

A partida em questão foi contra o Santos, válida pelo Brasileirão de 2023. Nos acréscimos, Bruno Henrique cometeu falta sobre o atacante Soteldo e recebeu cartão amarelo do árbitro Rafael Klein.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, os envolvidos realizaram apostas de valores modestos, mas com alto retorno. Wander apostou R$ 380,86 e recebeu R$ 1.180,67. A cunhada de Bruno Henrique fez duas apostas: em uma, obteve o mesmo retorno que Wander; na outra, investiu R$ 500 e recebeu R$ 1.425. Já a prima recuperou exatamente o valor apostado.

A investigação teve início após casas de apostas identificarem movimentações suspeitas e notificarem a Associação Internacional de Integridade de Apostas (IBIA), que atua no monitoramento global do setor. A IBIA repassou os dados à Sportradar, parceira da FIFA, e as informações foram utilizadas pela PF.

Na esfera esportiva, o caso foi avaliado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que decidiu arquivar o processo. Em nota, o órgão afirmou que “o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador”. A Procuradoria da Justiça Desportiva considerou a jogada compatível com o padrão da partida.

O STJD ressaltou que o arquivamento ocorreu exclusivamente na esfera esportiva, sem prejuízo ao prosseguimento da investigação criminal caso se confirmem as irregularidades.

O Flamengo informou, por meio de nota, que o inquérito tramita sob segredo de justiça e que, por essa razão, ainda não teve acesso aos autos. O clube declarou apoio às autoridades e reforçou a confiança em seu atleta: “[Bruno Henrique] desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência”.

Após a conquista da Copa do Brasil, Bruno Henrique comentou publicamente o caso pela primeira vez. Emocionado, afirmou:

“Recebi de uma forma agressiva. Não esperava da forma que foi. Mas eu acredito na justiça lá de cima. Eu estou tranquilo com relação a isso. Com meus advogados, meu empresário, as pessoas que estão nessa batalha comigo… eu só peço que a justiça seja feita”, declarou, apontando para o céu.

A defesa do jogador solicitou à Justiça o arquivamento do inquérito e a devolução dos bens apreendidos. O caso segue em andamento na esfera criminal.

Foto: Marcelo Cortes / CRF

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