Alianças, aplausos e interrogações na política do Amazonas

27/04/2025 as 3:14 pm

Caros leitores,

Na última sexta-feira (25), o Amazonas assistiu a um espetáculo digno de nota — e de análise. No Clube da OAB, Omar Aziz oficializou sua pré-candidatura ao governo do estado em um evento que, para dizer o mínimo, beirou a grandiosidade de uma convenção. Deputados federais, estaduais, prefeitos do interior, vereadores da capital e do interior, além de duas das maiores lideranças políticas do estado, desfilaram sob o tapete vermelho cuidadosamente estendido para o grande ato: a entrada de Omar ao lado de Eduardo Braga e David Almeida.

A cena, claro, não era apenas para o Instagram. Era um recado, com todos os adereços: Omar ainda é um nome forte, querido e — na medida do possível — unificador. Em um Amazonas onde as alianças mudam como o nível dos rios, reunir essas três figuras no mesmo palco foi um feito que exigiu mais coreografia política do que muitos imaginam.

Mas, como todo bom espetáculo político, o que se mostra nem sempre é o que se sustenta. A pergunta que ecoava no salão, mesmo abafada pela quantidade de pessoas, era: até quando essa união resistirá? A política local, como sabemos, é uma dança de cadeiras com coreografia própria, onde amigos de hoje tornam-se adversários amanhã — e tudo depende da trilha sonora do momento.

O histórico é claro: alianças no Amazonas têm prazo de validade semelhante ao de iogurtes em prateleira quente. Muitos dos que hoje posam para fotos ao lado de Omar já foram — e podem voltar a ser — rostos sorridentes em palanques rivais. A política, afinal, é líquida — parafraseando o velho ditado: quem não muda de lado, seca.

Filtrando o brilho dos holofotes, o que se vê é a boa e velha realpolitik em ação. Maquiavel, se vivo fosse, daria uma piscadela de aprovação. Para ele, a habilidade de fazer e desfazer alianças conforme o vento da oportunidade era não apenas perdoável, mas recomendável. No tabuleiro do poder, quem não se adapta, dança — e sem música.

Por isso, a entrada conjunta de Omar, Braga e Almeida é tão significativa quanto frágil. É uma foto bonita, mas talvez não seja um filme longo. Quando o jogo eleitoral começar para valer e os interesses individuais se tornarem inadiáveis, será interessante ver quem segura a mão de quem — e quem puxa o tapete de quem.

Do ponto de vista da ciência política, o episódio é exemplar: a política brasileira continua marcada pela volatilidade das alianças, onde o pragmatismo sempre supera a coerência, e a união de hoje pode se desfazer ao primeiro tropeço eleitoral. O Amazonas, nesse quesito, não é exceção — é manual.

Então, caros leitores, enquanto a cortina sobe e a orquestra toca, fiquemos atentos. Porque a história política do estado nos ensina que, por aqui, a única certeza é a surpresa. O espetáculo começou, mas o enredo final ainda está longe de ser escrito — e a plateia, como sempre, só descobre a trama verdadeira no último ato.

Um abraço elegante, ligeiramente ácido e inevitavelmente crítico — porque, se a política é teatro, é melhor assistirmos atentos…

Editor!

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