Medicamento contra HIV pode ficar 99% mais barato com versão genérica

19/07/2025 as 7:18 am

Um estudo internacional publicado em junho na revista científica The Lancet revelou que o custo do lenacapavir, novo medicamento injetável aprovado nos Estados Unidos para a prevenção do HIV, pode ser reduzido de R$ 136 mil para R$ 135 por ano, caso seja produzido em versão genérica. A análise foi conduzida por especialistas em saúde global, que avaliaram a viabilidade da fabricação em larga escala, além dos desafios técnicos e regulatórios envolvidos.

Atualmente, o lenacapavir é comercializado pela biofarmacêutica Gilead por US$ 25,3 mil (aproximadamente R$ 136 mil) por paciente ao ano, podendo chegar a US$ 44,8 mil (R$ 241 mil) em algumas regiões. No entanto, o estudo estima que o custo de produção poderia ser reduzido para US$ 25 (R$ 135), desde que o medicamento seja fabricado por laboratórios com capacidade para atender entre 5 e 10 milhões de pessoas anualmente.

A pesquisa ressalta, no entanto, que a produção de versões genéricas enfrenta diversos entraves. Além da necessidade de dominar a síntese do princípio ativo, cuja fórmula foi divulgada pela própria Gilead, os fabricantes precisam cumprir rigorosos padrões de qualidade e obter matérias-primas específicas, fornecidas principalmente por empresas da Índia e da China. Também é necessário que os países estejam autorizados a fabricar o medicamento. A Gilead já firmou acordos de licenciamento com seis laboratórios, mas limitados a 120 países de baixa renda, excluindo nações de renda média, onde se concentra a maior parte das novas infecções.

Aprovado pela FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, em junho, o lenacapavir é considerado um avanço importante na profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV. De acordo com dois estudos clínicos de fase 3, publicados na mesma edição da The Lancet, o medicamento apresentou eficácia de 99,9% na prevenção da infecção. Com aplicação semestral por via subcutânea ou intramuscular, o remédio se diferencia da PrEP oral tradicional, baseada em comprimidos diários distribuídos pelo SUS no Brasil.

Além de facilitar a adesão ao tratamento, o lenacapavir pertence a uma nova classe de antirretrovirais, os inibidores de capsídeo, que atuam bloqueando a cápsula protetora do vírus e impedem sua multiplicação.

Foto: Getty

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