Perda de lítio no cérebro é associada ao Alzheimer em estudo de Harvard

07/08/2025 as 1:54 pm

A perda de lítio no cérebro pode ser um dos primeiros sinais do Alzheimer, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (6), por cientistas da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos. A pesquisa, publicada na revista científica Nature, identificou que a redução desse mineral no organismo está relacionada ao avanço da doença, o que pode abrir novas possibilidades para o diagnóstico precoce e estratégias de prevenção.

O estudo foi conduzido ao longo de dez anos e analisou tecidos cerebrais humanos, amostras de sangue e testes com camundongos, com o objetivo de compreender melhor as origens do Alzheimer. Os pesquisadores descobriram que o lítio, substância naturalmente presente no corpo em pequenas quantidades, começa a desaparecer nas fases iniciais da doença. Isso ocorre porque o mineral se liga às placas de beta-amiloide, um dos principais marcadores da condição, e ao se prender a essas estruturas, perde sua capacidade de circular e proteger o cérebro.

Nos experimentos com animais, a queda dos níveis de lítio resultou em prejuízos na memória. No entanto, o tratamento com um novo composto, o orotato de lítio, conseguiu reverter esses danos sem provocar efeitos tóxicos, mesmo em doses muito baixas. Ao contrário do lítio convencional, utilizado em tratamentos psiquiátricos, como no transtorno bipolar, o orotato não se fixa às placas de beta-amiloide e demonstrou eficácia com maior segurança.

A pesquisa também sugere que monitorar os níveis de lítio no organismo pode ajudar a identificar o Alzheimer ainda em estágios iniciais, antes do surgimento dos sintomas mais graves. Entre eles estão a perda de memória recente, confusão com horários e locais, alterações de comportamento e dificuldades de comunicação, características comuns da progressão da doença.

Responsável por mais da metade dos casos de demência no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer ainda carece de uma explicação definitiva sobre suas causas. A descoberta do papel do lítio ajuda a entender por que algumas pessoas desenvolvem a condição mesmo sem predisposição genética e por que outras, mesmo com alterações cerebrais, mantêm o funcionamento cognitivo preservado.

As próximas etapas da pesquisa envolvem ensaios clínicos com humanos para testar a eficácia do orotato de lítio como alternativa terapêutica. Se os resultados forem positivos, o composto poderá representar um avanço significativo no tratamento do Alzheimer, especialmente por sua ação precoce e baixa toxicidade.

Foto: iStock

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