Anvisa libera etanol injetável como antídoto contra envenenamento por metanol

12/10/2025 as 6:40 pm

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na sexta-feira (11), em todo o território nacional, a produção emergencial de etanol injetável. A medida tem como objetivo ampliar a resposta do sistema de saúde ao surto de intoxicação por metanol associado ao consumo de bebidas adulteradas.

O primeiro lote autorizado será produzido pelo laboratório Cristália, que fabricará 12 mil ampolas e doará integralmente ao Ministério da Saúde. O antídoto será distribuído ao Sistema Único de Saúde (SUS) e utilizado em casos graves de envenenamento.

Em nota, o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, destacou a articulação rápida entre os órgãos públicos e o setor produtivo diante da crise sanitária. “Nos momentos de emergência que o país enfrenta, a indústria sempre se prontifica a atender da melhor forma possível. Nesse caso, é possível ver mais uma vez a celeridade da ação do Ministério da Saúde e da Anvisa para proteger a população brasileira”, afirmou.

Além do etanol injetável, a Anvisa já havia regulamentado, no início do mês, um procedimento temporário para autorizar a produção emergencial de etanol farmacêutico, que também é utilizado como antídoto em casos de intoxicação por metanol. A substância, administrada por via intravenosa, impede a conversão do metanol em ácido fórmico, composto altamente tóxico capaz de provocar danos neurológicos, cegueira e até falência de órgãos. Entre os efeitos colaterais, no entanto, está a embriaguez.

Outro medicamento com função semelhante é o fomepizol, que apresenta menor risco de efeitos adversos. Na semana passada, o governo federal recebeu 2,5 mil ampolas do remédio, adquiridas junto à farmacêutica japonesa Daiichi-Sankyo por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A remessa foi destinada ao SUS, com prioridade para o estado de São Paulo.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o momento o Brasil contabiliza 29 casos confirmados de intoxicação por metanol: 25 em São Paulo, três no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Há ainda 217 casos suspeitos em investigação e cinco mortes confirmadas. Outros 12 óbitos estão sendo analisados.

O metanol é um tipo de álcool usado como solvente e combustível industrial. Quando ingerido, é metabolizado pelo fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias extremamente tóxicas ao organismo. A ingestão de apenas 10 mililitros pode provocar cegueira, enquanto 30 mililitros podem ser fatais.

Autoridades sanitárias suspeitam da produção clandestina de bebidas que utilizam metanol na formulação ou na higienização de garrafas reutilizadas. Por isso, recomendam que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas de procedência duvidosa. Em caso de sintomas como dor abdominal, tontura ou confusão mental após ingestão de álcool, a orientação é procurar atendimento médico imediato. O início do tratamento nas primeiras seis horas pode ser decisivo para evitar sequelas irreversíveis ou a morte.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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