Facções e milícias atuam em bairros onde vivem 28,5 milhões de brasileiros, revela Datafolha

16/10/2025 as 6:19 pm

Ao menos 28,5 milhões de brasileiros vivem em bairros sob influência direta de facções criminosas ou milícias, segundo pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O levantamento foi realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, em 130 municípios de todas as regiões do país, e revelou que 19% da população com 16 anos ou mais percebem a atuação desses grupos criminosos nas áreas onde residem.

O número representa um crescimento de cinco pontos percentuais em relação ao ano anterior, quando 14% dos entrevistados relataram o mesmo cenário. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais.

A presença do crime organizado foi relatada com mais frequência por moradores de capitais, cidades com mais de 500 mil habitantes e regiões do Nordeste. A exposição não está restrita à população de baixa renda. Entre os entrevistados que recebem até dois salários mínimos, 19% disseram viver em áreas dominadas por facções ou milícias. Entre os que ganham entre cinco e dez salários, o índice ficou em 18%.

O recorte racial mostra uma desigualdade ainda maior: 23% da população preta relataram a presença desses grupos em seus bairros, enquanto entre os brancos o percentual foi de 13%.

O estudo também apontou crescimento de outros indicadores de criminalidade. Áreas conhecidas como “cracolândias” fazem parte do trajeto diário de 19% dos entrevistados, frente aos 17% registrados em 2024. Entre os que vivem em regiões controladas por facções ou milícias, esse número chega a 40%.

Outro dado preocupante é o aumento no número de pessoas que afirmam saber da existência de cemitérios clandestinos em suas cidades. Em 2025, 12% relataram essa realidade, enquanto no ano anterior o índice foi de 8%. Entre os moradores de áreas dominadas, 27% disseram ter conhecimento sobre esses locais.

A pesquisa também revelou que 21% dos entrevistados presenciaram ou souberam de policiais de folga prestando serviços de segurança privada em seus bairros, prática considerada ilegal em muitos estados. Em 2024, esse índice era de 18%.

Em relação às forças de segurança, 16% dos entrevistados disseram ter presenciado abordagens violentas por parte da Polícia Militar, contra 14% no ano passado. A faixa etária entre 16 e 24 anos lidera esse dado, com 25% relatando esse tipo de situação, seguida por homens e moradores de grandes centros urbanos, ambos com 21%.

O levantamento ainda revelou que 8% da população, o que equivale a aproximadamente 13,4 milhões de pessoas, têm parentes ou conhecidos que estão ou já estiveram desaparecidos. A maior parte dos casos é registrada entre as classes D e E.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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