Governo Lula registra déficit de R$ 9 bilhões nas estatais

16/10/2025 as 7:24 pm

As estatais controladas pelo governo federal acumularam um prejuízo de R$ 8,9 bilhões no período de 12 meses encerrado em agosto de 2025, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O rombo é mais que o dobro do registrado no mesmo intervalo até agosto de 2024 e pressiona o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ampliar os repasses do Tesouro Nacional para manter essas empresas em funcionamento. De acordo com os números oficiais, as subvenções federais, que representam transferências diretas do Tesouro para as estatais, somaram R$ 27 bilhões em 2025, um crescimento de R$ 3 bilhões em relação ao ano anterior.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação e responsável pela gestão de hospitais universitários federais, foi a principal beneficiária, recebendo R$ 11,38 bilhões em recursos públicos. Em seguida, aparece a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), essencial para o desenvolvimento tecnológico do agronegócio, com R$ 4,13 bilhões. Outras estatais que também consumiram grandes volumes de recursos foram o Hospital Conceição (R$ 2,1 bilhões), a Codevasf (R$ 2,03 bilhões), o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (R$ 1,8 bilhão), a Conab (R$ 1,26 bilhão), a CBTU (R$ 1,24 bilhão), a CPRM (R$ 670 milhões), a EBC (R$ 570 milhões) e diversas outras empresas, que, somadas, receberam R$ 1,52 bilhão. O total de subvenções no ano atingiu R$ 26,7 bilhões.

A situação dos Correios ilustra o agravamento do cenário fiscal dessas empresas. Mesmo com o aumento da receita de vendas e serviços, que alcançou R$ 8 bilhões no primeiro semestre de 2025, a estatal registrou um prejuízo líquido de R$ 4 bilhões, número 220% maior que o verificado no mesmo período de 2024. O resultado negativo é atribuído principalmente ao crescimento dos custos operacionais e das despesas administrativas, o que tem acendido o alerta entre especialistas quanto à sustentabilidade do atual modelo de gestão das estatais federais.

A ampliação dos repasses do Tesouro para cobrir os déficits dessas empresas tem gerado críticas por comprometer o espaço fiscal do governo e dificultar o equilíbrio das contas públicas. Sem um plano claro de reestruturação ou medidas de contenção de gastos nas estatais, cresce a preocupação com o impacto desses aportes sobre outras áreas essenciais do orçamento federal.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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